Por LUSA
Paulo Weng San é filho de moçambicana e de um chinês, vive em Mocímboa da Praia, tem três licenciaturas e quer “resgatar” o nome daquele município, liderando um dos oito grupos de cidadãos que se candidatam às autárquicas em Moçambique. Aos 64 anos, Paulo Weng San lidera a lista da Associação dos Naturais, Amigos e Simpatizantes de Mocímboa da Praia (Umoja) nas eleições autárquicas de 11 de outubro, num município da província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, marcado pela violência dos ataques terroristas nos últimos seis anos. O objetivo, conta à Lusa, é “resgatar a dignidade” dos “irmãos que sofreram durante muitos anos no exílio” provocado pelo terrorismo. “Desterrados, porque alguns estavam em Pemba, outros em Montepuez, a sofrerem. Nós viemos resgatar o nome e a honra de Mocímboa da Praia, porque nossos irmãos foram desprezados, humilhados e chantageados”, afirmou Paulo Weng San, garantindo que a reconstrução da vila, palco do primeiro ataque terrorista em Moçambique, em outubro de 2017, é prioritária. “Queremos resgatar toda a dignidade e queremos pôr todas as mãos juntas para reconstruir Mocímboa da Praia”, acrescentou o cabeça-de-lista da Umoja, académico e com licenciaturas em áreas como Informática, Ciências Jurídicas e Gestão de Empresas. A Umoja é, de resto, um dos oito grupos de cidadãos que concorrem às sextas eleições autárquicas, agendadas para 11 de outubro, além de 11 partidos políticos e três coligações de partidos, em Moçambique. “Estamos convictos que vamos vencer porque, primeiro, a associação é dos naturais, como o nome diz, todo o filho de Mocímboa da Praia é membro da associação, logo a pessoa dona duma casa, duma família, só pode escolher a si próprio”, apontou. Por outro lado, Paulo Weng San responsabilizou as autoridades municipais pela falta de desenvolvimento local, criticando sobretudo a falta de apoio às vítimas do terrorismo. “Os nossos governantes que estavam no município não fizeram nada, nunca houve apoio, mesmo na altura que houve o primeiro tiro que dessa desgraça aniquilou muitas famílias, não houve nenhum apoio digno de registo, em que pudessem criar condições para as famílias saírem daqui em segurança. Nas não é o que aconteceu, cada um saiu à sua maneira, tentando desenrascar em outros sítios”, disse. Filho de mãe camponesa, moçambicana, e pai de origem chinesa, Paulo Wing San é o terceiro presidente daquela associação, fundada em 2007 com objetivo de defender os interesses do povo local. Para as eleições de 11 de outubro de 2023, além da Umoja concorrem em Mocímboa da Praia também Helena Bandeira, pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Saide Sulia, pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), e Selemane Omar, pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo). A recuperar dos ataques terroristas, Mocímboa da Praia está a tentar reconstruir serviços básicos como escolas ou equipamentos sanitários, mas também serviços privados, ao mesmo tempo que enfrenta o regresso de milhares de famílias que estiveram deslocadas nos últimos anos, com o reforço das condições de segurança. A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico. A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás. O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos, ACLED.
Moçambique/Eleições: Associação vai a votos para tentar “resgatar” Mocímboa da Praia
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