Por LUSA
O diretor-executivo da petrolífera Eni, Cláudio Descalzi, garantiu ao Presidente moçambicano, Daniel Chapo, que prevê alargar a operação no projeto de Gás Natural Liquefeito (GNL) na bacia do Rovuma, “projetando Moçambique no panorama global do GNL”.
Numa carta de felicitações à eleição de Daniel Chapo como Presidente da República, empossado quarta-feira no cargo, o líder da petrolífera italiana assume o “compromisso da Eni em reforçar ainda mais a colaboração”.
“Projetando Moçambique no panorama global do GNL e alargando a nossa estratégica parceria através da implementação do projeto Coral Norte FLNG na Bacia do Rovuma. Esteja certo de que o nosso objetivo é apoiar a estratégia de desenvolvimento a longo prazo de Moçambique, através de iniciativas de conteúdo local e aceleração da transição energética do país com a nossa iniciativa de óleo vegetal e projetos florestais”, lê-se na carta, a que a Lusa teve hoje acesso.
Fonte da petrolífera Eni, concessionária da Área 4 do Rovuma, disse em outubro de 2023 à Lusa que já discutia com o Governo o desenvolvimento de uma segunda plataforma flutuante, cópia da primeira (Coral sul) e designada Coral norte, para aumentar a extração de gás.
“A Eni finalizou o Plano de Desenvolvimento, que está atualmente em discussão com os parceiros e o Governo de Moçambique para aprovação final. Ao mesmo tempo, a Eni está a avançar com processos de aquisição, estudos de impacto ambiental, etc, incluindo contratos associados à perfuração”, disse fonte oficial da petrolífera italiana, questionada pela Lusa.
Este plano envolve a aquisição de uma segunda plataforma flutuante FNLG, para a área Coral norte, idêntica à que opera na extração de gás, desde meados de 2022, na área Coral sul.
Daniel Chapo anunciou na quarta-feira, no discurso de investidura, a criação de um Banco de Desenvolvimento de Moçambique, financiado com recursos do gás natural, entre um amplo conjunto de medidas para revitalizar a economia e apoiar a população.
“Vamos criar o Banco de Desenvolvimento de Moçambique para desenvolver infraestruturas, financiar e melhor impulsionar projetos estratégicos para o progresso do nosso país. Com os recursos gerados pelos ativos do gás, vamos capitalizar esse banco e investir de imediato em projetos que transformem a vida dos moçambicanos”, disse o Presidente.
Um estudo da consultora Deloitte concluiu em 2024 que as reservas de GNL de Moçambique, que conta atualmente com projetos em curso ou em estudo de multinacionais petrolíferas como a TotalEnergies, ExxonMobil e Eni, representam receitas potenciais de 100 mil milhões de dólares (96,2 mil milhões de euros), destacando a importância internacional do país na transição energética.
“As vastas reservas de gás do país poderão fazer de Moçambique um dos dez maiores produtores mundiais, responsável por 20% da produção de África até 2040”, refere o relatório.