Por LUSA
Mais de 11.500 candidatos de 11 partidos políticos, três coligações de partidos e oito grupos de cidadãos iniciam hoje a campanha eleitoral para as sextas autárquicas moçambicanas de 11 de outubro, por entre apelos a um processo pacífico.
“A Comissão Nacional de Eleições apela a todos os partidos políticos, coligações de partidos políticos, grupos de cidadãos eleitores proponentes concorrentes e o público em geral para que façamos da presente campanha eleitoral um período de verdadeira festa popular, um período de manifestação da maturidade cívica do povo moçambicano acumulada ao longo de mais de duas décadas ininterruptas de experiência eleitoral”, afirmou o presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Carlos Simão Matsinhe, no arranque da campanha eleitoral, que espera ser “pacífica, ordeira e democrática”, com “respeito e tolerância em relação a opinião alheia”.
Moçambique está a iniciar um novo ciclo eleitoral, que além de eleições autárquicas no próximo mês prevê eleições gerais em 09 de outubro de 2024, nomeadamente com a votação para o novo Presidente da República, cargo ao qual o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi já não pode, constitucionalmente, candidatar-se.
“Moçambique é uma referência na região, no continente e no mundo pelo elevado nível da cidadania, disciplina e sentido patriótico demonstrados no processo de consolidação da democracia multipartidária. Que este exemplo prevaleça durante a campanha eleitoral que se avizinha”, afirmou o chefe de Estado, numa mensagem à nação divulgada na noite de segunda-feira.
Na mesma mensagem, sobre a campanha eleitoral, Filipe Nyusi exortou as forças políticas concorrentes e os respetivos candidatos para que “participem de forma livre, consciente, ordeira e tolerante”.
“Exortamos ainda os concorrentes para que, na interação com os potenciais eleitores, incluindo no uso do seu tempo de antena, se centrem na apresentação dos seus manifestos, abstendo-se de discursos incendiários e intimidatórios e de atos de violência contra os seus adversários”, apelou o Presidente da República.
Durante a pré-campanha eleitoral, em agosto, o presidente da Renamo, principal força de oposição em Moçambique, ameaçou “parar o país” caso um membro daquele partido seja morto, dias após o autarca de Nampula denunciar uma alegada tentativa de homicídio.
“Se um dos elementos da Renamo for assassinado nós vamos fazer parar este país. Temos essa força”, declarou Ossufo Momade, que em declarações nos dias seguintes chegou a afirmar que o partido, que concluiu em junho passado o processo de desarmamento, estava a ser empurrado para a guerra, com alusões a alegadas tentativas de fraude por parte da Frelimo, partido no poder.
“Estamos a deixar esse apelo: Nós não queremos a guerra, já fizemos a guerra no passado e no dia 06 de agosto de 2019 assinámos o acordo de Maputo, não queremos voltar para a guerra, embora os outros nos queiram empurrar para a guerra”, apontou Ossufo Momade.
Mais de 8,7 milhões de eleitores moçambicanos estão inscritos para votar nas sextas eleições autárquicas, abaixo da projeção inicial, de 9,8 milhões de votantes, segundo dados anteriores da CNE.
Os eleitores moçambicanos vão escolher 65 novos autarcas em 11 de outubro, incluindo em 12 novas autarquias, que se juntam a 53 já existentes.
A CNE determinou a constituição de 1.486 Locais de Constituição e Funcionamento das Assembleias de Voto e 6.875 mesas de Assembleia de Voto.
Nas eleições autárquicas de 2018, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder) venceu em 44 das 53 autarquias e a oposição em apenas nove – a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) em oito e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) em uma.
Maputo, 26 de Setembro de 2023