Por LUSA
O Movimento Democrático de Moçambique (MDM), segunda forca política na oposição no parlamento moçambicano, anunciou hoje, na Beira, a detenção de sete membros do partido pela Polícia nacional, acusados de terem violado a lei eleitoral.
“Temos a anunciar a prisão dos nossos membros do partido, nos distritos de Chiure, em Cabo Delegado, e no distrito da Beira, em Sofala”, disse Lutero Simango, presidente do partido.
O responsável, que falava a jornalistas na Beira, avançou que estão detidos naquela cidade dois membros seniores do seu partido, sendo os delegados políticos da província de Sofala e da cidade da Beira, por motivos ainda não claros e cinco outros no distrito de Chiure em Cabo Delegado, alegadamente “por terem colado material de campanha horas antes do início da campanha eleitoral”.
“Nós condenamos o jeito em que a polícia está a agir, estamos perante uma polícia não republicana, mas sim partidária, que age sob comando do partido no poder, a Frelimo. Lamentamos, mas não vamos recuar, não nos vão parar” afirmou Lutero Simango, acrescentando que a prisão dos seus quadros superiores tem como objetivo “fragilizar e desestabilizar o MDM”.
“Apelamos ao bom senso a quem de direito, para intervir prontamente a esta situação. Ao Presidente da República, Felipe Nyusi, e à comunidade Internacional para que intervenham o mais breve possível nestes casos, porque estão a manchar a nossa democracia”, disse.
Contactada pela Lusa, a polícia, através do seu porta-voz provincial, Dercio Chacate, remeteu esclarecimentos sobre estas detenções de membros do MDM na quinta-feira, após a reunião de concertação do comando da PRM na Beira.
No início da campanha eleitoral, que prossegue até 08 de outubro, os presidentes dos dois maiores partidos da oposição em Moçambique — Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e MDM – exortaram a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder) a “abastecer-se de artifícios” que “coloquem em perigo a paz e promovam o descontentamento nacional” e à Polícia da República de Moçambique (PRM) que para que não faça o jogo dos partidos políticos” nesta campanha.
Mais de 11.500 candidatos de 11 partidos políticos, três coligações de partidos e oito grupos de cidadãos iniciam às 00:00 de terça-feira a campanha eleitoral para as autárquicas moçambicanas de 11 de outubro, por entre apelos a um processo pacífico.
Moçambique está a iniciar um novo ciclo eleitoral, que além de eleições autárquicas no próximo mês prevê eleições gerais em 09 de outubro de 2024, nomeadamente com a votação para o novo Presidente da República, cargo ao qual o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi já não pode, constitucionalmente, candidatar-se.
Mais de 8,7 milhões de eleitores moçambicanos estão inscritos para votar nas sextas eleições autárquicas, abaixo da projeção inicial, de 9,8 milhões de votantes, segundo dados anteriores da CNE.
Os eleitores moçambicanos vão escolher 65 novos autarcas em 11 de outubro, incluindo em 12 novas autarquias, que se juntam a 53 já existentes.
Nas eleições autárquicas de 2018, a Frelimo venceu em 44 das 53 autarquias e a oposição em apenas nove – a Renamo em oito e o MDM em uma.