Por LUSA
O saldo do investimento externo em Angola caiu 14,7 mil milhões de dólares desde 2017 até ao segundo trimestre de 2024, passando de 81,5 mil milhões de dólares para 66,8 mil milhões de dólares, segundo um relatório económico.
Os 14,7 mil milhões de dólares (13,8 mil milhões de euros) representam a queda do saldo do investimento externo no país africano neste período, que caiu de 81,5 mil milhões de dólares (77 mil milhões de euros) para 66,8 mil milhões de dólares (63,1 mil milhões de euros), segundo o Relatório Económico do 1.º Semestre de 2024 consultado hoje pela Lusa.
No documento lê-se que o Investimento Direto Externo em Angola, desde 2017 até ao segundo trimestre de 2024, apresentou uma “deplorável progressão”, com registo de menos 57%, de 29,4 mil milhões de dólares para 12,6 mil milhões de dólares.
No relatório, elaborado pelo Centro de Investigação Económica (Cinvestec) da Universidade Lusíada de Angola, sinaliza-se também a queda no valor dos empréstimos externos, o que se considera “positivo no longo prazo, mas tem consequências importantes na tesouraria do Estado, na taxa de câmbio e na inflação”.
Nos primeiros seis meses de 2024, o investimento estrangeiro em Angola caiu 2,4%, baixando dos 67,9 mil milhões de dólares para 66,8 mil milhões de dólares, salienta.
Os investigadores justificam que a queda do investimento estrangeiro entre janeiro e junho de 2024 se deveu sobretudo à rubrica de empréstimos (menos 1,8 mil milhões de dólares), compensados pelo Investimento Direto Externo (IDE) com mais 0,5 mil milhões de dólares e pelos créditos adicionais (mais 0,2 mil milhões de dólares).
Esta redução nos empréstimos externos, “por incapacidade de contratar nova dívida em condições favoráveis, continua a ser o principal fator de falta de divisas (no país)”, sustentam, referindo que o IDE petrolífero foi positivo (295 milhões de dólares).
O IDE não petrolífero “foi apenas de 178 milhões dólares, o que, apesar das taxas de crescimento, é irrelevante para o crescimento económico do país. Pior ainda, passa de 133 milhões de dólares no primeiro trimestre para 45 milhões no segundo trimestre”, lê-se no relatório.
A análise semestral salienta, por outro lado, que o investimento angolano no exterior, excluindo as reservas do Banco Nacional de Angola (BNA), passou de 32,8 mil milhões para 34 mil milhões de dólares, um aumento de 1,2 mil milhões de dólares.
Movimentos “mais significativos” foram registados no aumento dos fluxos de crédito comercial, com a desvalorização de 0,6 mil milhões de dólares em moeda e depósitos e a valorização de 0,2 mil milhões de dólares em investimentos de carteira, argumenta o Cinvestec.
Quanto ao ambiente de negócios, o relatório aponta para a necessidade de se transformar a riqueza do país em capital, aumentar o número de negócios, a liberdade efetiva de comércio, os níveis de confiança, o combate à corrupção e a promoção da segurança pública como segmentos que devem estimular e atrair o investimento.