Por LUSA
O Presidente da República da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, disse que os jornalistas são “da oposição” e ameaçou acabar com a audição de analistas, concretamente na RTP, sobre a situação política do país.
O chefe de Estado dirigiu-se ainda aos guineenses, nomeadamente os da diáspora, que falam mal da Guiné-Bissau, afirmando que quando voltarem ao país terão à espera deles Botche Cande, o ministro do Interior (das polícias).
Sissoco discursava na avenida Amílcar Cabral, depois da inauguração da reabilitação daquela que classificou como “a avenida mais bonita da Guiné-Bissau”, que quem estragar “vai preso e tem que pagar”, como disse.
No discurso em que justificou que o centenário do nascimento do líder histórico Amílcar Cabral não se celebra com palavras, mas com obras para o futuro, como a renovada avenida, o Presidente dirigiu-se aos jornalistas para lhes dizer que “têm responsabilidades” na imagem do país e que “não é só o que é mau que devem transmitir”.
“Todos os jornalistas aqui, penso que vocês são todos da oposição”, afirmou, argumentando que em nenhum outro país africano, seja Angola, Moçambique, São Tomé ou Senegal, se veem “jornalistas a correr a ouvir pessoas que dizem que são analistas políticos, pessoas que não conseguem analisar nem a própria cabeça e dizem que são analistas políticos”.
“Quando é que veem na France 24 como a RTP faz cá, vai à procura de qualquer um e diz que é analista político. Só na RTP e só na Guiné-Bissau, mas vão acabar com isso, senão eu próprio vou acabar com isso. Vão saber que, neste país a desordem acabou. É ano de rigor e disciplina”, declarou.
O Presidente acrescentou que os “jornalistas devem ter liberdade” de fazer o seu papel, que a imprensa é livre, mas considerou que “ninguém tem direito de mentir” e que “não devem alugar pessoas para insultar os outros”.
Umaro Sissoco Embaló continuou referindo que “infelizmente são os próprios filhos da Guiné que têm esse complexo” de falar mal do país e questionou a razão, lembrando que os guineenses fizeram “uma luta de libertação brilhante” com outros a seguirem-lhe o exemplo para serem independentes.
“Pensam que quando dizem coisas más do país que os `tuga´ os vão aplaudir? Não, os `tugas´ riem-se de ti porque eles entendem que tu és complexado, não gostas da tua terra”, acrescentou.
O Presidente avisou que “na Guiné não vão fazer, porque quem o fizer vai ter consequências e desafiou aqueles que estão lá fora a falar mal do país a irem a Bissau.
“O Botche Cande (Ministro do Interior) está cá”, disse.
Sissoco pediu depois “a todos os filhos da Guiné” para que “tenham autoestima e gostem do país”, realçando que quando ele se desloca à Europa é respeitado pelos homólogos.
O Presidente voltou a dizer que não é ditador, mas que tem que impor disciplina e pediu ao Chefe do Estado-Maior e ao ministro do Interior para porem as polícias na avenida renovada, que vai ter câmaras.
“Quem derrubar um poste vai preso e paga”, avisou, salientando que este é o legado que Cabral, o fundador da Guiné e Cabo Verde, “gostaria de ver: coisas bonitas”.
O chefe de Estado afirmou que para ele o centenário do nascimento de Cabral, que se assinala este ano, começou a 01 de janeiro e termina a 31 de dezembro.
“Em vez de passarmos todos os dias a falar de Cabral, a nossa estratégia é para deixar um legado em nome de Cabral”, declarou, apontando ter dado orientação ao Governo para alcatroar dez quilómetros de estrada em Bafatá, a cidade onde nasceu Amílcar Cabral.
Sissoco anunciou, também, para este ano, a construção das estradas de Safim a N´pack, de Quebu a Boque e de Farim a Tanaf , além do início da dragagem do porto de Bissau, assim como a construção de hospitais, escolas e a ampliação e requalificação do aeroporto Osvaldo Vieira.