Por LUSA
A Procuradoria-Geral da República (PGR) de Moçambique acrescentou nove nomes à lista nacional de pessoas singulares e coletivas envolvidas em práticas de crimes de terrorismo, conforme atualização consultada hoje pela Lusa.
Segundo despacho da PGR deste mês, compete ao procurador-geral da República, no âmbito do processo de designação de pessoas singulares ou coletivas, grupos, organizações ou entidades para a inclusão na Lista Nacional, efetuar a atualização, sendo neste caso sete de nacionalidade moçambicana, um tanzaniano e um queniano, todos com relações em Cabo Delgado, norte do país, palco de atuação de grupos terroristas há mais de sete anos.
Passam a integrar esta lista Domingos Vasco, moçambicano, 21 anos, condenado a oito anos de prisão por ter participado em várias incursões terroristas em diferentes distritos de Cabo Delgado desde que foi recrutado, em 2019, para integrar aqueles grupos terroristas que operam na província.
Igualmente o tanzaniano Selemane Muamede Amisse, camponês de 59 anos, condenando a 12 anos de prisão pelo envolvimento, entre outros crimes, como associação criminosa, no transporte, com a sua embarcação, de um grupo de 13 terroristas e material bélico na mesma província.
A lista moçambicana passa a integrar, igualmente, Faris Knigt Ahemed, queniano com residência na África do Sul, comerciante e proprietário da Abu Surryya Outlet, suspeito — processo ainda em instrução — de financiar, através de carteiras móveis digitais, os grupos terroristas em Cabo Delgado.
Outro dos integrantes desta lista é Bacar Sualé Assumane, moçambicano, 36 anos, cujo processo-crime, segundo a PGR, ainda se encontra em instrução: “É amigo da infância e mantém relações de amizade com Bonomade Machude e Farido Selemane Arrune, atual líder dos terroristas que atuam na província de Cabo Delgado uma vez que todos são naturais de Mocímboa da Praia”.
“Fazendo-se passar de colaborar do Serviço de Informação e Segurança do Estado – SISE, fornecia informação privilegiada aos terroristas, que facilitam os ataques a posições militares das Forças de Defesa e Segurança”, descreve ainda a PGR, sobre Bacar Assumane, que se encontra em prisão preventiva.
Todos os novos integrantes lista nacional de pessoas singulares e coletivas de Moçambique estão condenados ou visados por crimes de associação criminosa, financiamento ao terrorismo e adesão a organização terrorista, estando apenas um em liberdade e o restantes a cumprir pena em regime de exclusão ou em prisão preventiva a aguardar o desfecho do processo.
Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.
O último grande ataque deu-se em 10 e 11 de maio, à sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de rebeldes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e militares ruandeses, que apoiam Moçambique no combate aos rebeldes.