Por LUSA
O Presidente cabo-verdiano pediu hoje mais investimentos nas instituições e nos profissionais que trabalham com doentes mentais e a revisão do sistema da previdência social para dar às pessoas acesso aos cuidados de saúde.
“É fundamental investirmos nas instituições e nos seus mecanismos de suporte, nos recursos humanos, na formação de quadros, na conscientização, prevenção e no fortalecimento do apoio psicológico”, apontou o Presidente, José Maria Neves, na abertura de uma conferência alusiva ao Dia Mundial da Saúde Mental que hoje se celebra.
O chefe de Estado disse ainda que é preciso rever o sistema da previdência social, de modo a contemplar prestações na área do atendimento às pessoas com doenças mentais.
“As doenças mentais devem merecer prioridade e atenção de todos”, sublinhou.
José Maria Neves defendeu que tanto as escolas e instituições públicas ou privadas têm a “responsabilidade de garantir que as condições estejam adequadas para proteger a saúde mental dos seus colaboradores”.
Neste sentido, disse que é fundamental investir em políticas de prevenção e promoção da saúde mental com programas de acompanhamento, apoio psicológico e momentos de descontração que ajudem a reduzir o impacto do stress e da pressão.
Acrescentou ainda que o direito ao acompanhamento psicológico não deve ser visto como uma fragilidade, mas sim como um cuidado com a saúde global.
“A saúde mental é uma responsabilidade coletiva. Todos nós, Governo, empregadores, trabalhadores, sociedade civil, cidadãos, temos um papel a desempenhar nesta empreitada. É hora de consolidarmos uma cultura que valorize a saúde mental no local de trabalho, de promovermos um ambiente de trabalho mais humano, inclusivo e solidário, de respeitarmos os direitos humanos daqueles que sofrem de uma ou outra doença mental”, afirmou.
O Presidente lembrou que, no início do ano, o país registou 22 casos de suicídio, sendo cinco ocorridos apenas no mês de abril.
Apontou ainda que, segundo os dados do Ministério da Saúde, entre 2018 e 2022, houve uma média de 50 casos por ano.
“Cada vez mais, há mais doentes mentais nas ruas, nos principais centros urbanos, são estigmatizados, desrespeitados e isso perturba o funcionamento de toda a sociedade. A responsabilidade de vivermos numa sociedade sã é de todos nós. Temos de continuar a investir na organização”, sublinhou.
Em junho, o especialista que lidera o único Centro de Atendimento Psicológico, na Praia, Cabo Verde, pediu às autoridades que deem acesso a cuidados de saúde mental no arquipélago, em linha com o ano instituído pelo Governo, defendendo, em concreto, melhorias no fornecimento de antidepressivos às farmácias, consultas de psicologia no setor privado cobertas pelo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), devido à falta de resposta pública, e melhorar a comunicação por parte do Ministério da Saúde.
No debate parlamentar de hoje, o PAICV, maior partido da oposição cabo-verdiana, criticou o falhanço do Governo em realizar iniciativas práticas sobre a saúde mental no ano que lhe foi dedicado e acusa-o de ter feito apenas publicidade.
Em julho, a ministra afirmou que o país precisa de “dados consolidados” sobre a saúde mental, depois de questionada no parlamento sobre carências na especialidade.
O suicídio é responsável por 41% das mortes por causas externas e, em resposta, Cabo Verde elaborou a sua primeira Estratégia Nacional de Prevenção do Suicídio, com base nas orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), recorda-se no documento base da nova estratégia conjunta.