Por LUSA
A morna, género musical cabo-verdiano classificado como património da humanidade, vai ter uma casa inteiramente dedicada à sua história para promover um “produto turístico de excelência”, disse à Lusa Nádia Santos, autarca da ilha da Boa Vista. Um dos objetivos do projeto passa por divulgar o género musical, “num espaço que reúna diversas atividades da arte e cultura, potencializando a morna como produto turístico de excelência”, afirmou, ao destacar uma figura central, Maria Barba. A Casa da Morna visa homenagear a primeira embaixadora do estílo musical e todas as cantadeiras que se lhe seguiram na primeira aldeia da ilha, Povoação Velha. Maria Barba cedo recebeu o título de embaixadora da morna, por a ter cantado, em 1934, no Palácio de Cristal da cidade do Porto, representando Cabo Verde com um grupo de músicos e cantadeiras na primeira exposição colonial portuguesa. Seis anos depois, na exposição do mundo português, em Lisboa, voltou a ser aplaudida. Nádia Santos classifica-a como uma figura histórica “com razões mais que plausíveis para se reconhecer o seu legado e tributo à cultura da nação cabo-verdiana e da população da Boa Vista, em particular”. O projeto do edifício aguarda recursos e calendarização para sair do papel, prevendo-se que tal aconteça em 2024. Ocupará uma área de 600 metros quadrados e está orçado em 40 milhões de escudos (362 mil euros), sendo constituída por espaços de exposição e espetáculos, um dos quais no exterior, e que os promotores querem colocar na agenda cultural do arquipélago. Será ainda um local para cursos e oficinas, entre outras atividades artísticas. Cremilda Medina, uma das artistas que participaram num festival da morna, que decorreu há uma semana, na ilha da Boa Vista, disse à Lusa que este género musical deve merecer uma “atenção especial” por ter colocado Cabo Verde no mapa mundial. “Todas as atividades que possam ser feitas para a preservação da morna devem merecer o carinho, não só dos artistas, mas de todos os cabo-verdianos”, apontou a cantora, sublinhando a alegria de ver que a ilha da Boa Vista terá uma Casa da Morna que vai homenagear algumas personalidades. “A morna não é música de `gent bedje´ (termos em crioulo que significa “pessoas idosas”), é um estilo musical que transcende idades e estratos sociais, é, tão simplesmente, o estilo musical que representa a nossa essência, as nossas gentes”, salientou. A morna foi proclamada a 11 de dezembro de 2019, como Património Imaterial Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO, na sigla inglesa). O estilo conheceu o seu expoente através da cantora Césaria Évora (1941 — 2011), que abriu as portas do mundo a um país insular de pouco mais de meio milhão de residentes – com o triplo na diáspora, incluindo descendentes. A morna surgiu de uma mistura de estilos musicais com fortes raízes africanas, o landum, com as influências da modinha luso-brasileira, recorda o dossiê de candidatura à UNESCO. É interpretada em crioulo cabo-verdiano, geralmente acompanhada por viola, cavaquinho, violino e piano. O “instrumento de excelência da morna” é o violão, introduzido em Cabo Verde no século XIX.
Cabo Verde – Casa da Morna pretende promover “produto turístico de excelência”
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