Por LUSA
Quase 281 mil jovens moçambicanos fizeram o recenseamento militar em Moçambique este ano, mais 1,7% face a 2023 e acima do planeado em todas as províncias, incluindo Cabo Delgado, afetada por ataques terroristas, foi hoje anunciado.
“Cabo Delgado tinha planificado recensear 15.789 e conseguiu recensear 17.421 jovens, uma execução na ordem de 110%. Como podem depreender, apesar do terrorismo em Cabo Delgado a província não só conseguiu alcançar a meta estabelecida, mas também ultrapassou”, anunciou hoje, em conferência de imprensa, em Maputo, o diretor nacional de Recursos Humanos do Ministério da Defesa Nacional, o coronel Jorge Delfim Leonel.
O recenseamento militar de 2024 decorreu em todo o país e nas missões diplomáticas de 02 de janeiro a 28 de fevereiro, abrangendo todos os cidadãos moçambicanos nascidos em 2006 e os que não foram recenseados em anos anteriores, até à idade de 35 anos.
“Todos os distritos (de Cabo Delgado), pelo menos no período em que decorreu o recenseamento, todas as sedes de distrito, estavam operacionais. Havia condições criadas para que esse recenseamento decorresse sem sobressaltos”, sublinhou coronel Jorge Delfim Leonel, em resposta aos jornalistas, face à nova vaga de ataques terroristas na província, que só em fevereiro provocou cerca de 100 mil deslocados.
De acordo com o diretor nacional de Recursos Humanos do Ministério da Defesa Nacional, estava planificado para 2024 recensear 221.141 jovens, de ambos os sexos, através de 1.670 postos de recenseamento militar, dos quais 171 móveis, mas o número final ascendeu a 280.878, dos quais 103.347 do sexo feminino.
Tratou-se de uma execução de 127% face ao planeado e acima (+1,7%) do recenseamento de 2023, que foi de 278.035 jovens.
“De um modo geral, podemos afirmar, com categoria e sem medo de errar, que as operações de recenseamento decorreram em todo o país, incluindo na província de Cabo Delgado, num ambiente tranquilo, e o resultado disso é que as nossas metas, tanto em Cabo Delgado, assim como nas outras províncias, foram não só alcançadas, mas também ultrapassadas”, disse ainda o coronel Jorge Delfim Leonel.
Face ao facto de uma parte dos jovens que vão ser incorporados nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FAMD) seguirem para as operações em Cabo Delgado, o responsável sublinhou o papel dos que combatem os grupos terroristas no Teatro Operacional Norte (TON) e que “criam estabilidade” no norte do país.
“A segurança é algo que qualquer Estado tem que primar para que as duas outras necessidades, que é a Justiça e o bem-estar, possam vingar. Enquanto não houver segurança, a Justiça e o bem estar não vão existir, por isso somos todos nós chamados a encorajar os jovens que estão em Cabo Delgado, combatendo com todo o sacrifício que é feito por eles”, concluiu.
O ministro da Defesa Nacional de Moçambique, Cristóvao Chume, apontou em janeiro a necessidade de recrutar mais jovens para o Serviço Militar Obrigatório (SMO), face à ameaça terrorista que o país ainda enfrenta.
“Quero lembrar aos jovens que o país é nosso e de mais ninguém. O país principalmente é dos jovens, porque são eles que constroem o presente e constroem também o futuro. Não deixemos que o terrorismo se alastre, protejamos as nossas famílias, juntemo-nos como um povo único”, apelou Cristóvão Chume ministro da Defesa Nacional, no distrito de Nhamatanda, província de Sofala, na cerimónia de Lançamento da campanha de recenseamento militar deste ano.