Por LUSA
Samito Machel Júnior, filho do primeiro Presidente moçambicano, Samora Machel, defendeu que a investigação da morte de quatro pessoas por agentes da polícia deve ser a “prioridade” da corporação e não a ação judicial contra si anunciada pelas autoridades.
Samito Machel Júnior reagia, em carta divulgada na segunda-feira e cuja autenticidade foi confirmada hoje pela Lusa, às declarações do porta-voz do Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Orlando Mudumane, de que a corporação vai exigir judicialmente provas da alegada morte de quatro pessoas no distrito de Chiúre, veiculada pelo filho de Samora Machel, em carta publicada no dia 19.
Na sua última reação, Samora Machel Júnior refere que “a prioridade desse apuramento, investigação e responsabilização é pelas vidas humanas e não pelas palavras de quem procura alertar para a falta de justiça diante da perda de vidas humanas”.
“Uma única vida perdida por uma bala deve ser motivo bastante de preocupação. Pior quando essa vida é um menor, que a família o criava com amor e esperança no seu futuro”, refere a carta do filho do primeiro chefe de Estado moçambicano.
Sem se referir especificamente ao posicionamento da polícia face às denúncias que fez, Samora Machel Júnior avança que as alegações que proferiu são baseadas em “afetos” e informações que recebe “constantemente” da província de Cabo Delgado, onde se localiza o distrito de Chiúre, por ser membro da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, por aquele ponto do país.
“Sou membro do partido Frelimo militando na província de Cabo Delgado pela respetiva brigada, há mais de dez anos. Por conta dessa minha função, criei afetos e recebo constantemente informação da província. Alguma informação é de lamento, outra é a pedir ajuda e outra ainda é de choro e desespero, como foi o acontecido em Chiúre”, refere.
Samora Machel Júnior declara que está firme, sereno e determinado em dar o seu contributo para a construção de um Estado de Direito Democrático em Moçambique.
Na carta que desencadeou a reação da polícia, o filho de Samora Machel condena “atos antipatrióticos” da Frelimo e que resultaram na morte de quatro pessoas em Chiúre, no contexto da violência que se registou, no distrito, na sequência das eleições autárquicas do passado dia 11.
Por sua vez, “a Polícia da República de Moçambique lamenta, desmente e condena veementemente informações postas a circular nas redes sociais e posteriormente difundidas por alguns órgãos de comunicação social, dando conta de que a Polícia da República de Moçambique teria alvejado mortalmente quatro indivíduos no distrito de Chiúre, na província de Cabo Delgado”, disse Orlando Mudumane, citado pela emissora pública Rádio Moçambique.
Mudumane avançou que as autoridades têm o registo de um baleamento acidental pela polícia de um cidadão de 19 anos, no dia 12 de outubro, quando “se viu na contingência de atuar para pôr termo a um grave motim protagonizado por membros e simpatizantes de partidos políticos”.
Sem mencionar o nome de Samora Machel Júnior, o porta-voz do Comando-Geral da PRM declarou que a corporação vai exigir judicialmente provas da alegada morte de quatro pessoas em Chiúre.