Por LUSA
A Associação dos Professores Unidos (APU) de Moçambique considera que a classe enfrenta um contexto “penoso”, como a sobrelotação e degradação de salas de aula e baixos salários, que tornam desinteressante festejar hoje o seu dia.
“É penoso trabalhar nessas condições”, porque “a própria maneira de trabalhar do professor no país não é desejável”, disse à Lusa Avatar Cuamba, presidente daquela associação, a propósito do Dia do Professor, que se assinala a 12 de outubro.
Cuamba afirmou que os professores moçambicanos, principalmente os dos ensinos primário e secundário, são obrigados a trabalhar com turmas compostas pelo dobro do número de alunos recomendados, havendo até casos em que numa sala estão até 90 alunos.
“É fixado que a turma do ensino secundário geral deve ser de 45 alunos, mas nós percebemos que essas acabam chegando, algumas, até 90 alunos”, avançou.
Em várias zonas do país, principalmente nas áreas rurais, ainda há aulas debaixo das árvores, devido à falta de salas, e nos casos em que há infraestruturas, estas estão degradadas, sem água nem casa de banho, prosseguiu.
O presidente da APU criticou igualmente o Governo por ter defraudado as expetativas dos professores em relação à melhoria dos salários, no âmbito da implementação da Tabela Salarial Única (TSU).
“As correções feitas à TSU colocaram os salários em baixa, aquém do desejado”, depois de terem sido feitas promessas de que “vai ser o melhor reajuste desde a independência” de Moçambique, acrescentou.
Avatar Cuamba lamentou a falta de pagamento de horas extra aos professores há mais de um ano, alertando para a desmotivação causada por esta lacuna.
“A educação não está a conhecer a inversão que todos nós gostávamos que tivesse, no sentido de ser uma profissão mais dignificada”, enfatizou.
Por outro lado, vários professores têm sido sujeitos a transferências de local de trabalho, sem razões claras que justifiquem esta medida, continuou.
Avatar Cuamba adiantou que a APU submeteu ao Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano um caderno reivindicativo com as preocupações que os professores enfrentam.
A APU foi criada em 2013 e é autónoma da Organização Nacional dos Professores (ONP), fundada logo após a independência do país e ligada à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder.