Por LUSA
O Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) de Moçambique alerta para a necessidade de uma “preparação cuidada” da atual época das chuvas, face a previsões de precipitação “acima da média”, sobretudo no sul.
“De acordo com previsões para a época chuvosa de 2024-2025, Moçambique poderá enfrentar chuvas acima da média, especialmente nas províncias de Gaza, Inhambane e Maputo, e há risco moderado a alto de cheias em várias bacias hidrográficas”, refere uma informação do INGD a que a Lusa teve hoje acesso.
O INGD refere igualmente a previsão de “inundações urbanas em cidades como Maputo, Matola e Beira” durante a época das chuvas, que vai de outubro a abril.
“Este cenário exige uma preparação cuidada e uma atenção redobrada por parte das autoridades e da população”, acrescenta a informação daquele instituto.
A última época de chuvas em Moçambique, iniciada em outubro do ano passado, afetou cerca de 240 mil pessoas, destruindo totalmente mais de 1.800 casas, segundo dados apresentados em junho pelo Governo.
“Em todo o território nacional foram afetadas cerca de 240 mil pessoas, afetou mais 34 mil casas, mais de 5.000 parcialmente destruídas e cerca de 1.800 totalmente destruídas”, avançou o secretário permanente do Ministério dos Transportes e Comunicações, Ambrósio Sitoe.
Acrescentou que “ao longo da época chuvosa 2023/2024 formaram-se na bacia do sudoeste do oceano Índico dez sistemas tropicais”, sendo que “dois atingiram a costa moçambicana, nomeadamente a tempestade tropical moderada Álvaro e a tempestade tropical moderada Filipo”, esta última com fortes efeitos em Inhambane e Maputo, sul do país.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.
A última época de chuvas afetou particularmente Maputo, capital do país, com o presidente do conselho municipal, Razaque Manhique, a avançar neste encontro que foram afetadas pelas enxurradas 14.420 famílias, num total de 65.513 pessoas, provocando oito mortos e deixando 2.323 famílias desalojadas.
“Não podemos nem queremos passar a vida a visitar águas pluviais estagnadas nos diversos distritos municipais da nossa cidade. Temos de buscar em conjunto soluções concretas, cientificamente válidas e definitivas para mitigar o impacto das mudanças climáticas no nosso país e na cidade de Maputo, capital, em particular”, apelou anteriormente o autarca.
Eventos extremos, como ciclones e tempestades, provocaram pelo menos 1.016 mortos em Moçambique entre 2019 e 2023, afetando cerca de 4,9 milhões de pessoas, segundo um relatório do Instituto Nacional de Estatística (INE) noticiado em setembro pela Lusa.
No relatório de Indicadores Básicos do Ambiente de 2023, o INE detalha todos os eventos extremos desde 2019, e respetivas consequências, acrescentando que estes provocaram, ainda, no mesmo período de quatro anos, 2.936 feridos.
A província de Sofala, no centro de Moçambique, foi a mais atingida por um único evento, com o ciclone Idai, em 2019, a provocar 403 mortos — dos 603 que provocou em todo o país -, afetando 1.190.594 pessoas e deixando ferimentos em 1.597.
Ainda devido ao ciclone Idai, seguiu-se a província de Manica, com 262.890 afetados, 185 mortos e 23 feridos.
No relatório aponta-se ainda, em 2021, chuvas, ventos e descargas atmosféricas que provocaram 30 mortos, seguindo-se, em 2022, a tempestade tropical Ana, que afetou 186.739 pessoas, incluindo 21 mortos, o ciclone tropical Gombe, que provocou 61 mortos, afetou 755.166 pessoas e feriu 117, entre outros eventos climáticos extremos.
Em 2023, chuvas intensas, ventos fortes, inundações/cheias, incêndios e descargas atmosféricas afetaram em todo o país 76.359 pessoas, provocando 105 mortos e 74 feridos.