Por LUSA/RTP
O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, disse hoje que vai combater as manifestações pós-eleitorais e assegurar a independência e soberania do país.
“Tal como estamos a combater o terrorismo e há jovens que estão a derramar sangue para a integridade territorial de Moçambique, para a soberania de Moçambique, para manter a nossa independência, aqui em Cabo Delgado, mesmo se for para jorrar sangue para defender essa pátria contra as manifestações, vamos jorrar sangue”, disse o Presidente moçambicano.
Daniel Chapo falava durante um comício na cidade de Pemba, na província de Cabo Delgado, no norte do país, onde efetua uma visita de trabalho até 26 de fevereiro.
“Vamos combater o terrorismo, vamos combater os naparamas e vamos combater as manifestações”, afirmou Daniel Chapo, comparando os atos acima referenciados com a guerra civil que durou 16 anos em Moçambique.
“Tal como vencemos o colonialismo, vencemos a guerra de desestabilização, vamos vencer o terrorismo, os naparamas e vamos vencer as manifestações”, acrescentou Chapo.
Os naparamas são paramilitares moçambicanos que surgiram na década de 1980, durante a guerra civil, aliando conhecimentos tradicionais e elementos místicos no combate aos inimigos, atuando em comunidade.
Historicamente, os naparamas classificam-se como uma força que se organizou espontaneamente para a autodefesa da população perante a guerra e os seus elementos submetem-se a ritos de iniciação, destinados a dar-lhes alegada “proteção sobrenatural” que acreditam que os torna imunes, até a balas.
Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.
Moçambique vive desde outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas por Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais de 09 de outubro com a vitória a Daniel Chapo nas presidenciais.
Atualmente, os protestos, agora em pequena escala, têm estado a ocorrer em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e de outros problemas sociais.
Desde outubro, pelo menos 327 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 750 foram baleadas durante os protestos, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais.