Por LUSA
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, pediu hoje maior vigilância em Mocímboa da Praia na quarta-feira, dia da votação das eleições autárquicas, referindo que o processo não deve abrir espaço para um novo ataque terrorista no distrito. “Este deve ser o momento de maior vigilância para que nos mantenhamos cada vez mais unidos para que Mocímboa da Praia possa exercer o seu direito e, sem medo, possa definir o seu percurso de desenvolvimento”, disse Filipe Nyusi, durante a inauguração do porto e do aeródromo de Mocímboa da Praia, em Cabo Delgado, no norte de Moçambique. O distrito de Mocímboa da Praia é um “bastião muito sensível”, cuja recuperação custou o sangue de pessoas, prosseguiu o chefe de Estado, pedindo que o dia de voto seja de festa e que decorra num ambiente ordeiro, tranquilo e sem intimidação. “Nos não queremos que criem bases aqui para dar argumento para o terrorista invadir de novo (…) Nós não queremos viver incertezas aqui”, disse Filipe Nyusi. O Presidente de Moçambique destacou que o distrito foi um dos mais afetados pelos ataques armados reiterando, por isso, que a região precisa de muito apoio, proporcional aos ataques sofridos. “Devemos aumentar a vigilância e sempre atentos às promessas falsas fomentadas pelos terroristas”, alertou. Em Mocímboa da Praia estão inscritos para votar nas autárquicas de 11 de outubro, segundo dados da Comissão Nacional de Eleições (CNE), 30.438 eleitores, distribuídos por seis locais e 45 assembleias de voto. Concorrem naquela vila Paulo Weng San, que lidera a lista da Associação dos Naturais, Amigos e Simpatizantes de Mocímboa da Praia (Umoja), Helena Bandeira, pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Saide Sulia, pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), e Selemane Omar, pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo). A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos a insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico. No terreno combatem o terrorismo — em ataques que se verificam desde outubro de 2017 e que condicionam o avanço de projetos de produção de gás natural na região – as Forças Armadas de Defesa de Moçambique, desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC). O conflito no norte de Moçambique já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, enquanto o Presidente moçambicano admitiu recentemente “mais de 2.000” vítimas mortais. Mais de 11.500 candidatos de 11 partidos políticos, três coligações de partidos e oito grupos de cidadãos estão em campanha eleitoral até domingo para as sextas autárquicas moçambicanas de 11 de outubro, por entre apelos a um processo pacífico. Mais de 8,7 milhões de eleitores moçambicanos estão inscritos para votar em todo o país nas sextas eleições autárquicas, segundo dados anteriores da CNE.