Por LUSA
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, pediu hoje “agressividade positiva” das empresas italianas na identificação de novas oportunidades de negócio em Moçambique, além da extração de gás natural, reconhecendo o papel da Eni nesta área.
“Estamos no mapa da exportação de gás porque um consórcio liderado por uma empresa italiana, a Eni, foi pioneiro e ficou para a história”, sublinhou Filipe Nyusi, depois de receber na Presidência da República, em Maputo, a chefe do Governo italiano, Giorgia Meloni.
“Esta postura tem estado a ajudar bastante a esperança dos moçambicanos. E nesse espírito, nós aproveitamos também para saudar, através da primeira-ministra, a participação das empresas italianas em Moçambique e encorajar para que esse movimento seja contínuo e com alguma agressividade positiva no sentido de fazer acontecer coisas”, apontou o Presidente moçambicano.
A Eni, concessionária da Área 4 do Rovuma, já discute com o Governo moçambicano o desenvolvimento de uma segunda plataforma flutuante, cópia da primeira e designada Coral Norte, para aumentar a extração de gás, disse à Lusa, no início deste mês, fonte da petrolífera italiana.
Na mesma intervenção, Filipe Nyusi “felicitou” a petrolífera, “encorajando” a empresa italiana “a trabalhar no sentido de não ficar à espera de explicar” os problemas: “Mas sim estar na dianteira para procura de soluções sobre aqueles aspetos que podem estar a atrasar ou encalhar o processo”.
Definiu que é “fundamental” para Moçambique a transformação de matérias-primas no país, e não apenas a sua extração, incluindo no gás natural, mas também disse que há outras áreas de aposta, como a agricultura, a pesca ou o turismo.
“Esta visita foi breve e produtiva”, afirmou o chefe de Estado, sobre a deslocação de algumas horas da presidente do Conselho de Ministros de Itália a Maputo, que incluiu uma reunião de trabalho entre os dois líderes.
“Reafirmamos o interesse nos dois países para consolidar a cooperação bilateral e a dinamização da diplomacia económica. Aliás, essa tem sido a nossa agenda e essa agenda casou-se perfeitamente com o modo de governação da senhora primeira-ministra”, concluiu Nyusi.
A chefe do Governo de Itália é acompanhada nesta visita de algumas horas a Maputo pelo líder da petrolífera italiana Eni, Claudio Descalzi, empresa que está a assinalar o 70.º aniversário e que procura em África fontes alternativas de fornecimento de gás natural.
“A Eni finalizou o Plano de Desenvolvimento, que está atualmente em discussão com os parceiros e o Governo de Moçambique para aprovação final. Ao mesmo tempo, a Eni está a avançar com processos de aquisição, estudos de impacto ambiental, incluindo contratos associados à perfuração”, disse no início deste mês fonte oficial da petrolífera italiana, questionada pela Lusa.
Este plano envolve, nomeadamente, a aquisição de uma segunda plataforma flutuante FNLG, para a área Coral Norte, idêntica à que opera na extração de gás, desde meados de 2022, na área Coral Sul.
“A Eni está a trabalhar para o desenvolvimento do Coral Norte através de uma segunda FLNG em Moçambique, aproveitando a experiência e as lições aprendidas na Coral Sul FLNG, incluindo as relacionadas com custos e tempo de execução”, acrescentou a mesma fonte da petrolífera, operador delegado daquele consórcio.
A Área 4 é operada pela Mozambique Rovuma Venture (MRV), uma ‘joint venture’ em copropriedade da ExxonMobil, Eni e CNPC (China), que detém 70% de interesse participativo no contrato de concessão.
A Galp, Kogas (Coreia do Sul) e a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (Moçambique) detêm cada uma participação de 10%.
Um documento divulgado anteriormente, elaborado pela firma moçambicana Consultec para a petrolífera Eni, aponta tratar-se de um investimento de sete mil milhões de dólares (6,3 mil milhões de euros), sujeito a aprovação do Governo moçambicano.
Se o cronograma correr como previsto, a plataforma começará a produzir no segundo semestre de 2027, ou seja, poderá arrancar ainda antes dos projetos em terra, que dependem de implicações de segurança devido à insurgência armada em Cabo Delgado.
A Coral Norte ficará estacionada 10 quilómetros a norte da Coral Sul cuja produção arrancou em novembro do ano passado, tornando-se no primeiro projeto a tirar proveito das grandes reservas da bacia do Rovuma.