Por LUSA/RTP
Pelo menos uma pessoa morreu e 18 ficaram feridas no distrito de Mossuril, na província de Nampula, durante a passagem do ciclone tropical Jude, que afeta Moçambique desde segunda-feira, segundo o primeiro balanço oficial.
Os dados preliminares divulgados pelo Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) indicam que nas últimas 24 horas pelo menos 2.155 pessoas foram afetadas pela passagem do ciclone, nomeadamente com a destruição de 380 casas nas províncias de Nampula e Zambézia.
O boletim do INGD aponta igualmente que nas duas províncias referenciadas pelo menos 24 unidades sanitárias ficaram afetadas e 27 escolas foram destruídas, atingindo pelo menos 2.266 alunos e 158 professores.
O ciclone tropical Jude entrou na madrugada de segunda-feira em Moçambique, através do distrito de Mossuril, em Nampula, com ventos de 140 quilómetros por hora e rajadas até 195 quilómetros por hora, disse à Lusa Manuel Francisco, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inam) de Moçambique.
“Logo após a entrada, ele (o ciclone) voltou ao estágio de tempestade tropical severa e nos próximos dois dias poderá variar entre tempestade moderada e severa”, disse o meteorologista, acrescentando que o sistema poderá ainda causar chuvas intensas até 250 milímetros em 24 horas.
A intempérie está a afetar as três províncias do norte de Moçambique, nomeadamente Nampula, Niassa e Cabo Delgado, podendo sair, a partir da noite de hoje, para o centro de Moçambique, condicionando o tempo nas províncias da Zambézia, Tete, Sofala e Manica, acrescentou Manuel Francisco.
O Inam apela à tomada de medidas de precaução e segurança face ao mau tempo.
O INGD avançou, no domingo, que o novo ciclone pode afetar um total de 341 mil pessoas, referindo que foram ativados os comités operativos de emergência e que o Governo moçambicano e parceiros se reuniram para fazerem o levantamento de todos os recursos disponíveis de assistência aos afetados.
Moçambique está em plena época chuvosa, que decorre entre outubro e abril, período em que foram já registados os ciclones Chido e Dikeledi, que afetaram igualmente o norte do país.
Os ciclones atingiram Moçambique entre dezembro do ano passado e janeiro último, com maior impacto nas províncias de Cabo Delgado e Nampula, tendo afetado cerca de 736.000 pessoas e causado a destruição de infraestruturas públicas e privadas.
Eventos extremos, como ciclones e tempestades, provocaram pelo menos 1.016 mortos em Moçambique entre 2019 e 2023, afetando cerca de 4,9 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
O país africano é considerado um dos mais severamente afetados pelas alterações climáticas globais, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, mas também períodos prolongados de seca severa.