Por LUSA
Um grupo de quatro organizações humanitárias lançou hoje um “apelo urgente” de 18 milhões de dólares (17 milhões de euros) para assistência a mais de 100 mil pessoas afetadas pelo ciclone Chido no norte de Moçambique.
“A plataforma necessita de assegurar cerca de 18 milhões de dólares para viabilizar intervenções em alimentação, abrigo, água, saneamento e higiene, bem como proteção”, lê-se num comunicado conjunto das organizações World Vision Moçambique, Plan International, ADRA Moçambique e CARE.
A ação conjunta visa mitigar o impacto do ciclone Chido nas províncias de Cabo Delgado e Nampula, no norte de Moçambique, estando entre as medidas mais imediatas a distribuição de tendas, utensílios de cozinha e purificadores de água.
“É urgente que o apoio chegue o quanto antes, tendo em conta a aproximação da época chuvosa e o facto de muitas destas comunidades já se encontrarem em situações de grande fragilidade devido ao conflito armado e à insegurança alimentar”, disse Katia dos Santos, diretora nacional da CARE Moçambique, citada no documento.
As organizações receiam ainda a eclosão de surtos de cólera e outras doenças hídricas devido à degradação das “já precárias” condições de higiene e saneamento nas zonas afetadas, onde se espera assistir mais de 100 mil pessoas.
“Esta conjugação de esforços não é nova e tem como objetivo fortalecer a nossa capacidade de responder às necessidades das comunidades que servimos”, concluiu Carolina da Silva, diretora nacional da World Vision Moçambique.
Pelo menos 70 pessoas morreram, 600 ficaram feridas e outras 181.554 pessoas foram afetadas pela passagem do ciclone Chido em Cabo Delgado, Nampula e Niassa, de acordo com dados atualizados, na quarta-feira, pelas autoridades moçambicanas.
Os dados preliminares divulgados por Bonifácio António, técnico do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), indicam que o Centro Nacional Operativo de Emergência (CENOE) registou pelo menos 50 mortos só no distrito de Mecufi, na província de Cabo Delgado, ponto de entrada do ciclone.
O ciclone tropical intenso Chido, de escala 3 (1 a 5), atingiu a zona costeira do norte de Moçambique na noite de sábado para domingo, segundo o CENOE, mas enfraqueceu para tempestade tropical severa, apesar de ter continuado a fustigar as províncias a norte, com chuvas intensa, trovoadas e ventos muito fortes.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.