POR LUSA
O filho do líder histórico da Renamo Afonso Dhlakama pediu ao atual presidente do partido, Ossufo Momade, que o próximo dirigente daquela força política seja eleito em congresso para evitar divisões internas.
“O congresso é o local apropriado para que os membros expressem suas opiniões e votem democraticamente no candidato que acreditam ser o melhor representante do nosso partido nas eleições”, lê-se numa carta aberta de Billal Sulay dirigida ao atual presidente da Renamo.
Em causa está uma crise interna que o principal partido de oposição em Moçambique atravessa desde que o porta-voz daquela força política, José Manteigas, declarou, na semana passada, que o atual presidente do partido é a escolha da Renamo e o único com perfil para concorrer às presidenciais deste ano, ignorando os estatutos, que preveem que o candidato deve ser eleito em congresso.
Para Billal Sulay, uma candidatura sem um escrutínio interno pode “minar a confiança dos membros do partido e a legitimidade do candidato escolhido”, considerando “crucial” que se sigam os processos democráticos e as normas do partido.
“Peço que reconsidere a sua decisão e participe no congresso para garantir que a nossa escolha seja verdadeiramente representativa da vontade dos membros do partido”, acrescenta Billal Sulay, embora a Renamo não tenha assumido que o congresso, que devia ocorrer este ano, não vai ser realizado.
A liderança da Renamo tem sido criticada externa e internamente, com o antigo líder do braço armado do partido Timosse Maquinze a acusar Ossufo Momade de inércia face a alegadas irregularidades nas eleições autárquicas moçambicanas de outubro, alegadamente a favor do partido no poder, e de negligência face à situação dos guerrilheiros do partido recentemente desmobilizados.
Na sexta-feira, o político moçambicano Venâncio Mondlane anunciou, em Nacala (província de Nampula), que vai concorrer para a presidência da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição em Moçambique, no próximo congresso.
“Venho anunciar, abertamente, sem medo, que estou disponível e vou avançar como candidato à presidência da Renamo no próximo congresso”, declarou Venâncio Mondlane, falando a um grupo de simpatizantes do principal partido em Nacala-Porto, província de Nampula, acompanhado por Billal Sulay e pelo autarca local, Raul Novinte, da Renamo.
Afonso Dhlakama morreu a 03 de maio de 2018 após dirigir a Renamo durante 38 anos, tendo assumido o partido Ossufo Momade.
Moçambique prepara-se, neste ano, para as eleições gerais, incluindo as sétimas presidenciais e às quais o atual Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, já não pode constitucionalmente concorrer.
O escrutínio está marcado para 09 de outubro, com um custo de cerca de 6.500 milhões de meticais (96,3 milhões de euros), conforme dotação inscrita pelo Governo na proposta do Orçamento do Estado para 2024.