Por LUSA
O presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Lutero Simango, responsabilizou hoje a Frelimo pela destruição da sua sede provincial em Gaza, incendiada na sexta-feira, acusando o partido no poder de não promover a inclusão.
“Onde eles governam não há inclusão”, acusou Lutero Simango, ao lançar a campanha eleitoral nacional do partido, um dos três com representação autárquica em Moçambique, na cidade da Beira, a única liderada pelo MDM.
“Onde eles governam só há corrupção. Onde eles governam só há roubos (…) Mas aqui na Beira há liberdade, há democracia”, apontou, visando a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), perante milhares de apoiantes naquela cidade, no arranque da campanha para as eleições autárquicas de 11 de outubro.
“Moçambique não pode continuar a ser governado por um bando de corruptos. Moçambique não pode continuar a ser governado na base da corrupção. Moçambique não pode continuar a ser governado na base dos roubos”, afirmou Simango.
O presidente do MDM apelou, também, à Polícia da República de Moçambique (PRM) que “não faça o jogo dos partidos políticos” nesta campanha: “Queremos que a nossa polícia seja republicana, queremos que a nossa polícia proteja a nossa população. E queremos que a nossa polícia não obedeça às ordens dos vermelhos (cor da Frelimo)”.
Simango defendeu que o MDM “é o único partido que pode garantir o desenvolvimento das autarquias em Moçambique”, perspetivando conquistar outros municípios nestas eleições, além de defender a Beira dos ataques das restantes forças políticas, nomeadamente a Frelimo, que ali liderou até 2003.
“A cidade da Beira não pode recuar, tem de avançar (…) A Beira é nossa e sempre será nossa”, afirmou Simango, acusando a Frelimo de ser “um partido caduco”.
“É como um produto que está na loja, fora do prazo”, ironizou, apelando à “mudança” nos restantes municípios.
O líder do MDM advertiu para a tentativa de fraude eleitoral: “Desta vez ninguém será manipulado, desta vez o povo vai assumir as suas responsabilidades (…) Desta vez não vamos admitir brincadeiras”.
A corrida eleitoral na Beira, uma das principais cidades do país, será das mais disputadas, com o MDM a concorrer com o atual autarca, Albano Carige António, como cabeça-de-lista. Do lado da Frelimo avança Stela Zeca, secretária de Estado precisamente na província de Sofala, e pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, maior partido da oposição), que em 2003 conquistou a Beira à Frelimo, o cabeça-de-lista é Geraldo Alexandre Carvalho. Estes três partidos lançaram a campanha nacional, hoje, precisamente na Beira.
Entre outros candidatos, concorrem na cidade da Beira ainda três grupos de cidadãos.
Mais de 11.500 candidatos de 11 partidos políticos, três coligações de partidos e oito grupos de cidadãos iniciaram hoje em todo o país a campanha eleitoral para as autárquicas moçambicanas de 11 de outubro, por entre apelos a um processo pacífico.
Moçambique está a iniciar um novo ciclo eleitoral, que além de eleições autárquicas no próximo mês prevê eleições gerais em 09 de outubro de 2024, nomeadamente com a votação para o novo Presidente da República, cargo ao qual o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi já não pode, constitucionalmente, candidatar-se.
Mais de 8,7 milhões de eleitores moçambicanos estão inscritos para votar nas sextas eleições autárquicas, abaixo da projeção inicial, de 9,8 milhões de votantes, segundo dados anteriores da CNE.
Os eleitores moçambicanos vão escolher 65 novos autarcas em 11 de outubro, incluindo em 12 novas autarquias, que se juntam a 53 já existentes.
Nas eleições autárquicas de 2018, a Frelimo venceu em 44 das 53 autarquias, a Renamo em oito e o MDM na Beira.