Por LUSA
A administração da moçambicana Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB), uma das maiores produtoras independentes de energia da África austral, prevê ultrapassar as metas de produção definidas para este ano, após o desempenho até setembro.
A produção hidroelétrica de Cahora Bassa ficou 14,3% acima do previsto até setembro, na ordem de 12.120,4 GigaWatt-hora (GWh), num ano cuja meta de produção definida é de 14.292 GWh, segundo informação da HCB a que a Lusa teve hoje acesso.
“Antevê-se uma superação para 15.488 GWh, o que fortalecerá a posição estratégica de Moçambique como um hub energético regional”, refere a empresa.
De acordo com o presidente do conselho de administração, Tomás Matola, a HCB alcançou até ao final do terceiro trimestre uma faturação “de pouco mais de 54,2% das receitas planeadas para o período”, ao mesmo tempo que “encerrou com sucesso as negociações sobre o ajustamento da tarifa de exportação de energia”.
“Estes fatores conjugados, representam ganhos significativos para a empresa e para o país. As cifras apresentadas contribuirão para a realização de investimentos críticos nos equipamentos da cadeia de produção e em projetos de incremento da capacidade de geração energética, que se prevê chegar aos 4.000 MW, até 2032”, acrescentou Tomás Matola.
De acordo com os dados da empresa, no início da época chuvosa 2023/2024, a HCB apresentava uma cota de armazenamento de 323,47 metros, correspondente a capacidade útil de 87%, resultante da quantidade de água proveniente das barragens de montante e dos escoamentos gerados na bacia própria de Cahora Bassa.
“A presente cota é satisfatória e, conjugada por uma gestão criteriosa, técnico-científica e por meios tecnológicos ao dispor da empresa, assegurará o processo de geração de energia até ao final do ano”, conclui a HCB.
A albufeira de Cahora Bassa é a quarta maior de África, com uma extensão máxima de 270 quilómetros em comprimento e 30 quilómetros entre margens, ocupando cerca de 2.700 quilómetros quadrados e uma profundidade média de 26 metros.
A barragem está instalada numa estreita garganta do rio Zambeze e a sua construção decorreu de 1969 a 01 de junho de 1974, dando início ao enchimento da albufeira.
A HCB admitiu em agosto a “reativação” do projeto da nova central, a norte, face à crescente demanda de eletricidade na região.
“A longo prazo, a empresa está a conduzir reflexões estratégicas com vista a reativação do projeto Cahora Bassa Norte, para atender à crescente demanda energética de Moçambique e da região, face a crise que se vem assistindo”, refere uma informação da empresa, consultada pela Lusa.
De acordo com o estudo de impacto sócio-ambiental do projeto da Central Cahora Bassa Norte (CBN), apresentando em 2012, mas depois abandonado pela empresa, esta teria uma capacidade máxima instalada para gerar 1.250 MegaWatts (MW) e seria construída na margem esquerda da existente barragem de Cahora Bassa, lado oposto da central existente, a Central Cahora Bassa Sul, cuja capacidade máxima de produção é de 2.075 MW.