Por LUSA
A Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), no centro de Moçambique e uma das maiores barragens do continente africano, prevê aumentar em 5% a capacidade produtiva, após investimentos de 500 milhões de euros, segundo a administração da empresa.
“Os bons resultados operacionais e financeiros da HCB são o reflexo do desempenho do quadro de recursos humanos que, sob gestão da equipa de administração, tem sabido emprestar o seu saber e conhecimento”, reconhece o presidente do conselho de administração, Boavida Lopes Muhambe, no relatório e contas de 2022, enviado este mês aos investidores e a que a Lusa teve hoje acesso.
Para o administrador, estes resultados “demonstram ainda a entrega abnegada dos recursos humanos ao trabalho”, num quadro “em que os equipamentos demandam investimentos estratégicos para proceder a sua reabilitação e modernização”.
“A terceira fase da reabilitação da Subestação do Songo, Brownfield Fase III, e a segunda fase de reabilitação da central hidroelétrica sul, Reabsul 2. A realização destes projetos irão melhorar os níveis de performance operacional, estender a vida útil dos ativos de geração e conversão para mais 25 anos e ainda incrementar a capacidade produtiva da Central, dos atuais 2.075 MW para mais cerca de 5%”, lê-se no relatório.
O projeto Reabsul 2 está avaliado em 207 milhões de dólares (189,4 milhões de euros) e segundo a empresa deverá avançar em 2024. Já o Brownfield Fase III custará 321 milhões de dólares (293,7 milhões de euros) e “será implementado em paralelo com o projeto Reabsul 2”.
A hidroelétrica refere que o incremento na potência instalada, equivalente a mais 105 MegaWatts (MW), vai permitir aumentar as receitas do empreendimento hidroelétrico de Cahora Bassa, “no médio e longo prazos”.
A HCB atingiu em 2022 a maior produção elétrica dos últimos cinco anos e cresceu 5,1% face a 2021, para 15.753,5 GigaWatt-hora (GWh), segundo dados anteriores da empresa.
O pico em 2022 de produção da hidroelétrica, cujo controlo efetivo foi entregue há precisamente 16 anos (27 de novembro de 2007) por Portugal às autoridades moçambicanas, compara com o verificado em 2015, quando atingiu a produção total de 16.978,4 GWh.
A HCB fechou o ano de 2022 com 780 trabalhadores e lucros de 9.207 milhões de meticais (131,6 milhões de euros), um aumento de 9,3% face a 2021.
A operação comercial daquela barragem teve início em 1977, com a transmissão dos primeiros 960 MegaWatts (MW), produzidos por três geradores, face à atual capacidade instalada de 2.075 MW, segundo dados da HCB.
Dois marcos tornaram depois possível a ‘moçambicanização’ do empreendimento, após a independência de Moçambique, recorda a empresa.
O primeiro ocorreu em 31 de outubro de 2006, com a assinatura do protocolo que continha as condições necessárias para a reversão e a transferência do controlo de Portugal para o Estado moçambicano, e o segundo materializou-se um ano depois, com a conclusão da reversão, em 27 de novembro de 2007.
O acordo de reversão da HCB permitiu que o controlo da barragem passasse do Estado português para a contraparte moçambicana, num acontecimento descrito pelo então chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza, como “segunda independência de Moçambique”.
A barragem de Cahora Bassa é a quarta maior de África, com uma extensão máxima de 270 quilómetros em comprimento e 30 quilómetros entre margens, ocupando cerca de 2.700 quilómetros quadrados e uma profundidade média de 26 metros.
Está instalada numa estreita garganta do rio Zambeze e a sua construção decorreu de 1969 a 01 de junho de 1974, dando início ao enchimento da albufeira.
A HCB admitiu em agosto a “reativação” do projeto da nova central, a norte, face à crescente demanda de eletricidade na região.