Por LUSA
O ministro da Defesa de Moçambique, Cristóvão Chume, disse hoje que espera “alguma escalada” da ação dos terroristas na província de Cabo Delgado, norte do país, como ato de vingança pela recente morte em combate dos seus comandantes.
“Esperamos ainda mais alguma escalada, mas nós podemos garantir que vamos continuar a combater”, afirmou Chume. O ministro da Defesa falava durante a conferência “Mobilizar a Inteligência Coletiva para Combater e Prevenir o Extremismo Violento e o Terrorismo em África- Soluções Africanas para Problemas Africanos”, que arrancou hoje na capital moçambicana. Cristóvão Chume avançou que o Governo tinha “total certeza” de que os insurgentes iriam “vingar-se” contra a morte em combate, em final de agosto, do principal líder da insurgência na província de Cabo Delgado, o moçambicano Bonomade Machude Omar, juntamente com outros elementos da liderança do grupo terrorista. Chume apontou o assassínio de 12 pessoas este mês no distrito de Mocímboa da Praia como prova da ação vingativa dos insurgentes na sequência da “pressão operativa” que está a ser exercida pelas forças governamentais moçambicanas, da África Austral e do Ruanda. “Estamos cientes de que a eliminação dos comandantes dos terroristas apenas não significa o fim do terrorismo”, enfatizou o ministro da Defesa moçambicano. Esse desafio, prosseguiu, impõe igualmente o desencadeamento de outras ações, como a criação de oportunidades sociais e económicas às comunidades afetadas pela violência armada em Cabo Delgado. O ministro assinalou que as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas devem continuar a melhorar as suas capacidades operativas, reiterando o pedido de ajuda aos parceiros internacionais em termos de treino e fornecimento de “material letal”. Realçando o alastramento do terrorismo e do extremismo violento em África, Cristóvão Chume sublinhou a importância de os países do continente intensificarem a cooperação e a troca de informação para o combate aos grupos locais. A província de Cabo Delgado enfrenta há quase seis anos a insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico. No terreno, em Cabo Delgado, combatem o terrorismo — em ataques que se verificam desde outubro de 2017 e que condicionam o avanço de projetos de produção de gás natural na região – as Forças Armadas de Defesa de Moçambique, desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC). O conflito no norte de Moçambique já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, enquanto o Presidente moçambicano admitiu “mais de 2.000” vítimas mortais.