Por LUSA
A ministra da Educação e Desenvolvimento Humano de Moçambique admitiu hoje que as reivindicações dos professores para o pagamento de horas extras em atraso são “legítimas”, assegurando que o Governo vai cumprir as obrigações que tem para com a classe.
“O que eles estão a reivindicar é efetivamente legítimo e é um assunto que nós conhecemos”, afirmou Carmelita Namashulua, em declarações aos jornalistas, à margem da cerimónia oficial do arranque do ano letivo de 2024, que decorreu hoje na província de Sofala.
Namashulua afirmou que “há esforços no Governo para, efetivamente, pagar estas horas extras”, que “o Estado em nenhum momento foge ou vai fugir a esse fato” sobre o pagamento de horas extraordinárias.
Aquela dirigente declarou que o processo tem sido moroso e lento, porque é necessário verificar a validade do direito ao recebimento das remunerações exigidas, num contexto em que há milhares de professores a exigir o pagamento.
“Até ao ano passado tínhamos por volta de 25 mil professores que estavam nessa situação, mas este número vai reduzindo, à medida que vai sendo pago” o dinheiro das horas extras, afirmou Carmelita Namashulua, pedindo a compreensão dos professores.
“Tudo quanto é devido aos professores será pago”, reforçou Namashulua.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, pediu hoje “ponderação e diálogo” aos professores, referindo que “confusões e gritarias” não resolvem o problema, dois dias depois de os profissionais marcharem pelo pagamento de horas extraordinárias em Maputo.
“Gostaria de pedir, mais uma vez, a sua maior ponderação. Em momentos difíceis e emocionais há que sempre optar pelo diálogo laboral, temos de fazer valer a nossa posição profissional, de educadores e com capacidades de falar, sem que esta postura que estou a sugerir signifique permitir injustiças no seio dos professores”, disse Filipe Nyusi, durante a cerimónia de abertura do ano letivo 2024, no distrito de Dondo, em Sofala, centro de Moçambique.
O arranque do ano letivo ocorre num momento em que se multiplicam manifestações de professores, que reclamam o pagamento de horas extraordinárias e melhores condições de trabalho, ameaçando não assumir turmas extras neste ano.
Os professores também querem que o executivo crie condições para acabar com a sobrelotação das salas de aulas, ameaçando impedir que mais de 50 alunos entrem numa única turma, como é frequente no país.
Na segunda-feira, dezenas de professores dos ensinos primário e secundário marcharam na cidade de Maputo exigindo uma solução para o problema, depois de, em princípios deste mês, um outro grupo dos profissionais ter realizado uma marcha na cidade da Matola, queixando-se dos mesmos problemas.