Por LUSA
No distrito moçambicano de Dondo, dos mais afetados pelo ciclone Idai em 2019, sobressai o edifício imponente da Escola Secundária de Mafambisse, um projeto da fundação do Tzu Chi orçado em cerca de 11 milhões de euros.
“A escola está preparada para 7.500 alunos. Mas é possível ter cá 10 mil alunos, se houver um turno da noite”, explica à Lusa Dino Foi, presidente da fundação de caridade Tzu Chi, que financiou a construção da infraestrutura, no âmbito do apoio à reconstrução dos pontos devastados pelo idai, um ciclone de categoria três que se abateu sobre o centro de Moçambique em março de 2019.
No total, 13 milhões de dólares (11 milhões de euros) foram investidos no empreendimento, uma infraestrutura cuja construção começou em 2019 e que é composta por 58 salas de aulas distribuídas em sete blocos.
“Quando nós chegamos aqui (dias após a passagem do ciclone) apanhámos as crianças a estudarem praticamente na água”, acrescentou Dino Foi.
A localização geográfica da província de Sofala, entre as mais afetadas pelos cíclicos desastres naturais em Moçambique, obrigou a fundação a apostar numa “construção resiliente”, tendo a infraestrutura sido erguida para resistir a ciclones de categoria quatro.
“Tudo o que estamos a construir a esta altura estamos a usar o sistema das Nações Unidas: `Build Back Better´”, observou o presidente da Tzu Chi.
Além da “construção resiliente”, a escola, que será inaugurada no arranque do próximo ano letivo (fevereiro), foi edificada com espaço para acolher as populações de comunidades nos arredores em casos de desastres naturais ou emergências.
“No caso concreto desta escola, nós temos um vão completo para que as populações se protejam em caso de um desastre natural”, declarou Dino Foi.
Além da Escola Secundária de Mafambisse, a fundação Tzu Chi está a financiar a construção de outras 22 escolas na região, infraestruturas devastadas pelo Idai.
“O princípio é o mesmo: fizemos as contas de quantas escolas primárias estão na zona, de modo que as escolas secundárias sirvam para que as crianças continuem a estudar depois da conclusão do primário. Um dos problemas que enfrentamos aqui em Moçambique é que, devido as distâncias, as crianças que terminam o primário acabam desistindo de estudar”, acrescentou Dino Foi.
“Os meninos têm melhorado o seu aproveitamento desde que foi erguida esta escola. Anteriormente, as nossas aulas eram feitas na sombra das árvores e, com isso, as crianças ficavam facilmente distraídas. Agora já não, as crianças estão concentradas”, declarou Laurinda Manuel, professor da Escola Primária Joaquim Mara, outra instituição construída no âmbito do apoio da Tzu Chi no distrito de Nhamtanda, também na província de Sofala.
Além das escolas, a fundação de princípios budistas financiou a construção de três mil casas para pessoas afetadas pelo ciclone Idai em Sofala.
O pacote de apoio à reconstrução da fundação em Sofala está orçado em 108 milhões de dólares (101 milhões de euros), inteiramente disponibilizados pela organização, que está em Moçambique desde 2012, apoiando as autoridades em momentos de emergência.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.
O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o país.