Por LUSA
A Frente de Libertação de Moçambique, partido no poder, pediu às autoridades para investigarem o autarca da Beira após este disponibilizar 135 mil euros para apoiar iniciativas juvenis, acusando-o de “lavagem de dinheiro”.
Em declarações aos jornalistas, o chefe da bancada da Frelimo no município da Beira, centro do país, Manuel Severino, pediu ao Ministério das Finanças “assim como o tribunal administrativo, mesmo até às entidades ligadas à corrupção, para que pudessem aparecer e investigar devidamente de onde provem esse dinheiro, porque nós como assembleia municipal e bancada da Frelimo não sabemos de onde é que vem esse dinheiro”.
Em causa estão os 10 milhões de meticais (135 mil euros) para financiar iniciativas juvenis e de mulheres, disponibilizados em 29 de julho pela autarquia da cidade da Beira, centro de Moçambique, que é dirigido por Albano Carige, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM, oposição).
Em conferência de imprensa, o partido Frelimo adiantou que os valores anunciados não fazem parte do orçamento municipal aprovado para este ano, pedindo, por isso, uma investigação.
“Nós como bancada da Frelimo não estamos contra estas iniciativas, mas (sim quanto) os procedimentos, como é que estas iniciativas estão a ser viabilizadas. O que está a acontecer, é que nós podemos pensar, que este dinheiro (não) é para beneficiar estes tais jovens, mas, pelo contrário, é uma lavagem de dinheiro para apoiar iniciativas obscuras no seio do nosso município e não só, no seio do país em geral”, disse Manuel Severino.
“Nós sabemos que existem problemas ligados ao terrorismo, ligados ao branqueamento de capitais, e se calhar este tipo de iniciativas pode passar por este tipo de visão para se fazer passar como se estivesse a financiar atos sociais da juventude, porquanto é uma forma de delapidar esse dinheiro para financiar atos obscuros”, acrescentou o chefe da bancada da Frelimo naquela assembleia municipal.
Reagindo às acusações, o autarca da Beira, Albano Carige, vincou que o fundo de 10 milhões de meticais para apoiar jovens já vem previsto no plano quinquenal autárquico 2024-2028 e acusou a Frelimo de “não pensar nos moçambicanos”.
“Se vocês não têm coração de sentir a desgraça que esses munícipes têm, que esses moçambicanos têm, acho que não vale a pena continuarem a estar à frente dos destinos dos moçambicanos “, afirmou o autarca da Beira.
Albano Carige é único eleito pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM, oposição) nas eleições autárquicas de 2023.
Em Moçambique, o desemprego registou um aumento de 1,8% no último semestre de 2024, com um total de 190.558 pessoas desempregadas, face a 187 mil registados no trimestre anterior, de acordo com dados partilhados pelo Governo em março.