Por LUSA
As exportações de legumes e hortícolas por Moçambique dispararam quase 71% no primeiro semestre, de acordo com dados compilados hoje pela Lusa a partir do relatório da balança de pagamentos do banco central.
“As vendas destes produtos incrementaram em 70,8%, ascendendo a 52,5 milhões de dólares (49,5 milhões de euros), como resultado da retoma à normalidade do processo de produção e escoamento dessas culturas, após os efeitos das condições climatéricas desfavoráveis que assolaram o país em 2023”, lê-se no documento do Banco de Moçambique.
O ministro da Agricultura moçambicano, Celso Correia, afirmou em 11 de novembro que as perspetivas para a campanha agrícola são boas, com chuva e 5% de crescimento, mas sublinhou que a “paz social”, no atual contexto de manifestações pós-eleitorais, é essencial.
“É muito importante termos paz social, porque a paz social permite-nos produzir, permite que cada família que tem a sua atividade possa desenvolver e ter o seu rendimento não afetado. Então, entre todas as condições, para além daquelas do clima, financiamento, condições de trabalho, a paz social é essencial para que a gente possa ter uma campanha tranquila no próximo ano”, afirmou.
Celso Correia perspetivou que a campanha agrícola 2024/2025 terá um crescimento de 5%, fruto das chuvas esperadas, assinalando que a zona sul do país já tem registado chuvas — a época chuvosa em Moçambique decorre de outubro a abril -, enquanto no centro e norte o tempo de lançamento da sementeira será “um pouco mais tarde”.
“O calendário agrícola tem sido afetado por estas alterações climáticas, mas a expectativa é que na próxima campanha nós possamos ter um bom clima, isto vai ter um impacto positivo na produção”, disse.
Com o mercado de consumo no sul ainda dependente das importações, agrícolas, da vizinha África do Sul, Celso Correia admitiu a necessidade de “melhorar” a competitividade moçambicana no setor.
“Para podermos competir, (é preciso) controlar um pouco melhor as fronteiras, porque temos também muito contrabando, que às vezes entra e torna a competição injusta, e nós temos que ajudar os produtores a melhorarem a qualidade. O mercado também determina este exercício, mas é um trabalho gradual”, explicou.
Destacou, como exemplo, a banana, que já é um produto moçambicano de forte exportação, mas, por outro lado, apontou o caso do tomate: “Nós ainda não temos tecnologia suficiente para permitir a produção em estufa fora de época e os sul-africanos têm. Então, quando o clima muda em Moçambique, o abastecimento local desaparece, deixamos à mercê do abastecimento externo”.
Defendeu, por isso, a necessidade nesta aposta, face aos “desequilíbrios” no setor.
“Estamos a acompanhar e a registar mudanças graduais, não são aquelas que nós gostaríamos, nós gostaríamos de ter independência total, mas há avanços significativos que mostram que começamos a ter empreendedores agrícolas mais arrojados que vão buscar tecnologias mais avançadas. Temos muitos jovens, particularmente na cintura de Maputo, nas zonas verdes, a implementar novas tecnologias a entrarem no mercado com agressividade”, concluiu.