Por LUSA
Pelo menos 12 pessoas deram entrada no Hospital Central de Maputo (HCM), maior unidade de Moçambique, na sequência das manifestações de protesto contra os resultados das sextas eleições autárquicas no país, ocorridas na sexta-feira, anunciou fonte oficial.
“Dessas doze vítimas, duas foram por intoxicação, não se sabe ao certo se foi por gás lacrimogéneo ou por fumo do fogo que lá existia, três foram feridas provocadas pela agitação que a população ia fazendo”, disse Maria Sitoe, médica afeta ao banco de socorros no HCM, citada hoje pelo jornal O País.
Segundo a médica, outras sete pessoas foram recebidas no banco de socorros por ferimentos ligeiros causados por agressões físicas no decorrer dos protestos.
A médica do maior hospital moçambicano, localizado na capital do país, referiu que todas as vítimas tiveram alta no mesmo dia.
A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, tem promovido, um pouco por todo o país, marchas de contestação aos resultados das eleições de 11 de outubro, juntando milhares de pessoas que denunciam uma alegada “megafraude” no escrutínio.
Na cidade de Maputo, a polícia moçambicana fez, na sexta-feira, vários disparos de gás lacrimogéneo sobre milhares de pessoas que marchavam em protesto contra os resultados.
Segundo o Centro de Integridade Pública (CIP), uma Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana que observa as eleições, um agente da polícia e um jovem morreram durante manifestações ocorridas em Nampula e em Nacala contra os resultados das eleições autárquicas.
Estas mortes não foram ainda confirmadas pelas autoridades, que admitiram, no entanto, que pelo menos 10 pessoas ficaram feridas e outras 70 foram detidas durante as escaramuças.
Os resultados do escrutínio, apresentados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique, indicam uma vitória da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, em 64 das 65 autarquias do país, enquanto o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro maior partido, ganhou apenas na Beira, zona centro.
De acordo com a legislação eleitoral moçambicana, os resultados das eleições ainda terão de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional (CC), máximo órgão judicial.
As 6.º eleições autárquicas em Moçambique decorreram em 65 municípios do país no dia 11 de outubro, incluindo 12 novas autarquias, que pela primeira vez foram a votos.