POR LUSA
A Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (ACLLIN) de Moçambique pediu hoje que se evite “confusão” durante as manifestações contra os resultados das eleições autárquicas no país, sugerindo que se aguarde pela decisão do Conselho Constitucional (CC).
“Manifestações como tal não têm problemas nenhuns, mas nada de confusões. Já chega de confusão, basta! Esse povo quer estar em paz para desenvolver o seu país e isso é que é o mais importante”, disse Fernando Faustino, secretário-geral da ACLLIN, órgão da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, durante uma conferência de imprensa em Maputo.
Pelo menos 10 pessoas ficaram feridas e outras 70 foram detidas, na sexta-feira, durante marchas de protesto contra os resultados das sextas eleições autárquicas em diversos pontos de Moçambique, anunciou a polícia.
A associação dos veteranos moçambicanos da guerra anticolonial reconheceu que pode ter havido “um e outro erro” no escrutínio de 11 de outubro, referindo que se deve aguardar pela decisão do CC, máximo órgão judicial eleitoral do país, a quem cabe validar e proclamar os resultados das eleições.
“Pode ter havido um e outro erro no processo e é normal. Mas, por aquilo que ouvimos do presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), as eleições foram transparentes, toda a gente participou e teve lá os observadores”, disse Fernando Faustino.
O responsável destacou ainda que o direito à manifestação está previsto na lei, referindo, entretanto, que o país “não precisa andar em barulho dia após dia”, devendo focar-se no seu desenvolvimento.
“E este país tem todas as condições para estar no mapa dos países desenvolvidos neste mundo, tem tudo. Tem gente inteligente e recursos naturais”, referiu Faustino.
Partidos da oposição, sobretudo a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, têm promovido, um pouco por todo o país, marchas de contestação aos resultados das eleições de 11 de outubro, juntando milhares de pessoas que denunciam uma alegada “megafraude” no escrutínio.
A União Europeia e o Reino Unido manifestaram preocupação sobre os atos de violência durante as manifestações.
Os resultados apresentados pela CNE de Moçambique indicam uma vitória da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, em 64 das 65 autarquias do país, enquanto o MDM, terceiro maior partido, ganhou apenas na Beira.
As sextas eleições autárquicas em Moçambique decorreram em 65 municípios do país no dia 11 de outubro, incluindo 12 novas autarquias, que pela primeira vez foram a votos.