Por LUSA / RTP
A Polícia da República de Moçambique (PRM) anunciou hoje a captura de 12 dos cerca de 200 reclusos que fugiram, na segunda-feira, da cadeia distrital de Gorongosa, no centro de Moçambique.
A evasão ocorreu por volta das 09:00 (07:00 em Lisboa ), após a polícia repelir um grupo de moto-taxistas e garimpeiros que tentava juntar-se para protestar contra o elevado custo de vida no distrito de Gorongosa, província de Sofala, centro de Moçambique.
“Na evolução desta atividade” dos manifestantes, “estes dirigiram-se ao estabelecimento penitenciário local para uma invasão, propiciando a evasão de 220 reclusos. Destes, 12 foram recapturados”, avançou Dércio Chacate, porta-voz da Polícia moçambicana em Sofala, em conferência de imprensa na cidade da Beira, capital provincial.
Dos 220 reclusos, 106 estavam em prisão preventiva e 114 em cumprimento de penas transitadas em julgados, referiu a mesma fonte”.
“De referir que (…) há pessoas com vários tipos de infrações criminais, entre os quais homicídio agravado, tráfico de drogas, caça furtiva, roubos e furtos, o que efetivamente ressalta o nível de perigosidade dos indivíduos que foram colocados ilegalmente em liberdade”, acrescentou.
Segundo a polícia, o grupo responsável pela fuga dos reclusos era composto por cerca de 500 pessoas, que também tentaram bloquear acessos e vandalizar a casa do autarca local.
Moçambique atravessa desde outubro uma crise pós-eleitoral, com protestos e paralisações que têm culminado em confrontos violentos entre polícia e manifestantes, que rejeitam os resultados das eleições de 09 de outubro e protestam contra outros problemas sociais, com pelo menos 315 mortos e cerca de 750 pessoas feridas a tiro, segundo organizações da sociedade civil que acompanham o processo.
Este não é o primeiro caso em que as autoridades moçambicanas responsabilizam os manifestantes pela evasão de reclusos.
No dia 25 de dezembro, 1.534 reclusos fugiram, após rebeliões nos estabelecimentos Penitenciário Especial da Máxima Segurança e Provincial de Maputo, localizados a mais de 14 quilómetros do centro da capital moçambicana, Maputo.
Na altura, o então comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, considerou que se tratou de “uma ação premeditada” e da responsabilidade de manifestantes que, desde outubro, estão na rua a protestar contra os resultados das eleições gerais.
“Fazendo barulho, nas suas manifestações, exigindo que pudessem retirar os presos que ali se encontram a cumprir as suas penas”, descreveu Bernardino Rafael, acrescentando que esta ação provocou agitação no interior da cadeia, o que levou ao desabamento de um muro, propiciando a fuga, apesar da “confrontação imediata” com os guardas prisionais.
No mesmo dia, segundo a polícia, rebeliões similares foram registadas na Cadeia de Manhiça, norte da província de Maputo, onde os manifestantes libertaram os presos, e na Cadeia de Mabalane, que registou uma tentativa de fuga.