Por LUSA
O presidente da Bolsa de Valores de Moçambique (BVM) admitiu hoje que já recebeu várias demonstrações de interesse de empresas para entrarem no mercado bolsista e que o objetivo é ter pelo menos mais quatro cotadas este ano.
“Para 2024, não podemos ambicionar ter por objetivo menos de quatro novas empresas a serem cotadas na BVM, face ao desempenho que tivemos em 2023. São várias as empresas que já nos manifestaram a sua intenção de entrarem para o mercado acionista, mas que como naturalmente podem compreender cabe às próprias empresas a comunicação pública dessa decisão”, disse Salim Valá, em entrevista à Lusa.
“Vamos procurar atingir pelo menos quatro empresas, e procurando atrair também empresas ligadas ao agronegócio, ao turismo, as pescas, ao setor de transportes. E acreditamos que até final de 2025 pelo menos um banco comercial estará cotado na BVM”, acrescentou o presidente do conselho de administração, garantindo que há contactos nesse sentido.
A BVM contava no início de 2023 com 12 empresas cotadas e ao longo do ano viu mais quatro entraram para o ‘portfolio’, todas diretamente no Terceiro Mercado – além do mercado principal a BVM tem ainda o Segundo Mercado -, casos das sociedades WEIYUE (Consultoria e Gestão), Zaya Group (Indústria Avícola), Trassus (Comércio de Mobiliário) e RGS AGRO (Indústria Açucareira).
“Foi assim que iniciámos o ano de 2024, com 16 empresas cotadas, o que é um aumento de 25% face ao número de empresas em 2023. Aliás, é importante referir que nunca em 25 anos de funcionamento da BVM tinham sido cotadas quatro empresas num mesmo ano, dado que até então, o melhor registo que havíamos tido foi de três empresas”, explicou.
Daí que para Salim Valá se trate de “um sinal claro que a mensagem que a BVM tem passado ao setor empresarial”, sobre os “benefícios do mercado de capitais”, está “a trazer resultados visíveis, quantitativos e a crescer anualmente”.
“Neste período, de 2016 até hoje, a BVM passou de quatro empresas para 16 empresas cotadas, um crescimento de 300% neste importante indicador do mercado, e não contamos com duas empresas que foram excluídas da cotação em bolsa no período pós-covid-19”, observou.
A bolsa moçambicana completou 25 anos em abril de 2023 e viu crescer, desde 2017, o número de títulos na Central de Valores Mobiliários (CMV) em 568,3% e o volume de negociação em 696,2%, ou o número de ações cotadas em 300%, entre outros indicadores positivos.
Em 2024 pretende “continuar a reforçar a sua capacidade interventiva e de gestão, ampliar a sua perspetiva comercial e de ligação com os seus clientes, modernizar as tecnologias de negociação e da CVM”, bem como “introduzir novos produtos e instrumentos financeiros, aprimorar a regulamentação operacional e atrair mais empresas e investidores a usarem o mercado de capitais”.
Valá destacou que a estratégia para os próximos anos “incluirá ações visando a internacionalização da BVM”, a “atração de muito mais investidores estrangeiros” e o “reforço da capacidade” dos recursos humanos: “E a obtenção de instalações próprias e apropriadas para as funcionalidades de uma Bolsa de Valores moderna e que procura estar mais bem conectada ao sistema económico nacional, regional e global”.
Reconheceu que a BVM tem “beneficiado das parcerias estabelecidas com as diversas instituições do panorama económico e financeiro nacional”, com empresários, investidores, comunidade académica, permitindo que a sociedade “conheça melhor o mercado de capitais” e a própria bolsa.
Além disso, prosseguiu, tem sido possível “ampliar, aprofundar e diversificar as áreas de colaboração” com as bolsas de Angola (Bodiva) e de Cabo Verde (BVC), que “já estão a trazer resultados concretos na capacitação de recursos humanos, troca de experiências sobre quadro normativo e tecnologias de negociação, bem como nos mecanismos de gestão, atração de investidores e introdução de novos produtos e instrumentos financeiros”.