Por LUSA
A segurança foi restabelecida em cerca de 90% da província de Cabo Delgado, disse um comandante do exército de Moçambique, que defendeu haver condições para o regresso das empresas privadas, incluindo a petrolífera francesa Total.
“Eu diria que neste momento estamos a 90% da clarificação total”, disse Tiago Nampele, numa conferência de imprensa, na terça-feira, em Mocímboa da Praia, em Cabo Delgado, no norte de Moçambique.
Segundo o comandante, os rebeldes estavam espalhados pelos distritos de Palma, Nangade, Quissanga, Macomia, Muidumbe e Mocímboa da Praia, mas agora estão concentrados “num único ponto”.
“As forças no terreno neste momento garantem plenamente que as empresas podem retornar, principalmente a Total”, acrescentou Tiago Nampele.
A TotalEnergies lidera o consórcio da Área 1, um investimento na ordem dos 20 mil milhões de euros para exploração de gás em Cabo Delgado.
As obras foram suspensas por tempo indeterminado, após um ataque armado a Palma, em março de 2021, altura em que a energética francesa declarou que só retomaria os trabalhos quando a zona fosse segura.
Tiago Nampele indicou que as forças governamentais agora desdobram-se para reforçar a segurança na zona costeira da província.
“Estamos a desenhar mais uma operação, que é de colocar os nossos efetivos ao longo da costa com um único objetivo: negar aos terroristas o acesso ao mar. O que nós percebemos é que a logística vem do lado do mar”, acrescentou.
A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com ataques reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico e seus afiliados.
A insurgência levou a uma resposta militar, apoiada desde julho de 2021 pelo Ruanda e pela Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, que permitiu libertar distritos junto aos projetos de gás, tendo surgido entretanto novas vagas isoladas de ataques a sul de região e na vizinha província de Nampula.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.