Por LUSA
O chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, inaugura hoje o aeródromo e o porto de Mocímboa da Praia, na província de Cabo Delgado, infraestruturas destruídas nos ataques terroristas e que foram reabilitadas nos últimos meses.
Na noite de 04 de agosto 2020, os grupos armados que têm protagonizado ataques em Cabo Delgado desde 2017 invadiram Mocímboa da Praia, tomando as infraestruturas do aeródromo e do porto, tendo os confrontos com as Forças de Defesa e Segurança deixado um número desconhecido de mortos, incluindo elementos da força marítima, além de várias infraestruturas destruídas. As obras de reabilitação das infraestruturas começaram após a estabilização da situação de segurança, com chegada das forças estrangeiras em julho de 2021, nomeadamente do Ruanda e a da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral. Para o porto de Mocímboa da Praia, pelo menos 7 milhões de dólares (6,6 milhões de euros) foram investidos no novo cais de atracação e na conclusão do sistema de sinalização do canal, mas a reabilitação, que vai continuar, tem orçamento total de 30 milhões de dólares (28,4 milhões de euros), avançou à Lusa o administrador da infraestrutura, Helenio Turzão. As obras de reabilitação do aeródromo estão orçadas em cerca 15 milhões de meticais (222,1 mil euros), segundo dados da administração dos Aeroportos de Moçambique. Após meses nas “mãos” de rebeldes, Mocímboa da Praia foi saqueada e quase todas as infraestruturas públicas e privadas foram destruídas, bem como os sistemas de energia, água, comunicações e hospitais. No total, cerca de 62 mil pessoas, quase a totalidade da população, abandonaram a vila costeira devido ao conflito que começou há seis anos, com destaque para as fugas em massa que ocorreram após a intensificação das ações insurgentes em junho de 2020. A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos a insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico. No terreno combatem o terrorismo — em ataques que se verificam desde outubro de 2017 e que condicionam o avanço de projetos de produção de gás natural na região – as Forças Armadas de Defesa de Moçambique, desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC). O conflito no norte de Moçambique já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, enquanto o Presidente moçambicano admitiu recentemente “mais de 2.000” vítimas mortais.