Por LUSA
Pelo menos “dois terroristas” foram mortos e um membro da Força Local ficou ferido na sequência de confrontos nas matas da comunidade de Novo Cabo Delgado, norte de Moçambique, disse hoje à Lusa fonte oficial.
Os confrontos, a cerca de 50 quilómetros do distrito de Macomia, centro da província de Cabo Delgado, começaram na noite de terça-feira, nas margens do rio Messalo, em Novo Cabo Delgado, em resultado da perseguição das forças de segurança a extremistas, após denúncia dos camponeses sobre a presença de homens armados na zona.
“Houve confrontos sim, foram dois dias, daí que desferimos duros golpes ao inimigo no seu reduto”, disse fonte da Força Local, a partir de Macomia. “Abatemos dois terroristas e um colega nosso teve ferimentos, mas nada de grave”, acrescentou
Na perseguição aos homens armados, acrescentou ainda a fonte, foi possível desarticular uma linha de comunicação com o grupo extremista Estado Islâmico.
Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico, que chegaram a provocar mais de um milhão de deslocados.
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos na província, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo dados divulgados recentemente pelo Centro de Estudos Estratégicos de África, uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano que analisa conflitos em África.
O Estado Islâmico reivindicou há pouco mais de semana um ataque a um acampamento do Exército moçambicano em Macomia, afirmando que provocou a morte de, pelo menos, 10 militares, informação não confirmada pelas autoridades moçambicanas.
Numa informação colocada nos seus canais de propaganda, o Estado Islâmico acrescenta que o acampamento militar foi destruído neste alegado ataque, o segundo, assegura o grupo, em menos de um mês, depois de outro do género em Muidumbe, que afirma ter provocado 11 mortos entre o Exército moçambicano.
Estes ataques, embora em menor escala, têm vindo a recrudescer nos últimos meses, coincidindo com a anunciada intenção da petrolífera TotalEnergies de retomar o megaprojeto de produção de Gás Natural Liquefeito em Cabo Delgado, avaliado em 20 mil milhões de dólares (17,7 mil milhões de euros).
Em abril registaram-se ataques destes grupos, também, numa reserva da província vizinha de Niassa, resultando em, pelo menos, dois mortos.
Já em maio, um navio oceanográfico russo foi alvo, no mar, de um ataque armado de autoria desconhecida, numa zona de Cabo Delgado habitualmente alvo de ataques de extremistas a pescadores locais.