Por LUSA
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) moçambicana disse hoje que o recenseamento eleitoral previsto para se iniciar na quarta-feira em Quissanga, no norte do país, adiado face à violência armada, só arrancou hoje face à “logística extremamente complexa”.
“Devido a questões logísticas, trata-se de uma logística extremamente complexa, não foi possível o recenseamento arrancar ontem. Primeiro era preciso colocar contingente policial e depois trazer as brigadas juntamente com os polícias que vão fisicamente guarnecer os brigadistas e os equipamentos”, disse Paulo Cuinica, porta-voz da CNE, durante uma conferência de imprensa em Maputo.
O inicio do recenseamento eleitoral em Quissanga, Cabo Delgado, estava previsto para quarta-feira, depois de concluído no resto do país, e ter sido adiado naquele distrito do norte de Moçambique face à insegurança provocada por ataques de grupos de insurgentes.
Segundo a CNE, até às 19:00 de quarta-feira pelo menos 13 brigadas, das 15 previstas, tinham sido instaladas no distrito de Quissanga, faltando duas nas ilhas de Mefunvo e Arimba que aguardam a polícia lacustre e fluvial para fazer a escolta.
“Hoje as 13 brigadas instaladas arrancaram com o processo de registo e prevemos que este processo vá até ao dia 15, conforme a determinação do Conselho de Ministros”, disse Paulo Cuinica, referindo que está prevista a inscrição de 28.930 eleitores em Quissanga.
O recenseamento eleitoral em Moçambique arrancou em 15 de março e terminou em 28 de abril.
Mais de 7,6 milhões de eleitores foram inscritos para as eleições gerais de 09 de outubro em Moçambique, o correspondente a 102,30% do total previsto, avançou hoje a CNE.
Moçambique tem um cumulativo de 16.390.471 (101,6%) de eleitores inscritos desde 2023, aquando das eleições autárquicas, de um universo de 16.217.816 previstos, avançou Paulo Cuinica.
Pelo menos 14 formações políticas já se inscreveram para o escrutínio, entre as quais estão dois dos três partidos parlamentares, a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM).
Moçambique realiza em 09 de outubro eleições gerais, incluindo presidenciais, às quais já não concorre o atual Presidente da República e líder da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Filipe Nyusi, por ter atingido o limite de dois mandatos previsto na Constituição.
Além de Quissanga, o prazo para o fim do recenseamento eleitoral foi estendido até 05 de maio na Tanzânia devido ao atraso de nove dias na chegada do equipamento para o processo naquele país.
A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência, que desde dezembro de 2023 voltou a recrudescer com vários ataques às populações e forças armadas, levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio primeiro do Ruanda, com mais de 2.000 militares, e dos países da África austral, libertando distritos junto aos projetos de gás.