Por LUSA
As Forças de Defesa e Segurança moçambicanas abortaram na última noite uma tentativa de invasão de um suposto grupo de terroristas à vila sede distrital de Macomia, Cabo Delgado, disseram hoje à Lusa fontes oficiais.
De acordo com a fonte, o incidente aconteceu por volta das 23:00 (22:00 em Lisboa), depois de detetados movimentos estranhos de homens, alegadamente armados, à entrada da vila, levando ao posicionamento de elementos da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), da Polícia da República de Moçambique (PRM).
“Ontem (terça-feira) não se dormiu em Macomia, graças à UIR que o pior não aconteceu”, explicou a fonte, a partir de Macomia.
Localizado a cerca de 200 quilómetros da cidade de Pemba, capital de Cabo Delgado, a vila de Macomia fica ao longo da estrada Nacional 380, uma das poucas asfaltadas da região, sendo um ponto de ligação com os distritos mais a norte da província.
Macomia foi também palco, há precisamente um ano, do último grande ataque destes grupos terroristas em Cabo Delgado, com cerca de uma centena de homens a entrar naquela vila, saqueando-a por várias horas.
Entretanto, o movimento extremista Estado Islâmico reivindicou a autoria de um recente ataque que terá provocado a morte de 11 elementos das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) em Cabo Delgado, norte do país.
De acordo com o anúncio feito pelo grupo terrorista nos seus canais de propaganda, documentado com fotografias, o ataque, que as autoridades moçambicanas ainda não comentaram, terá acontecido no distrito de Muidumbe, visando uma posição das FADM na vila de Miangalewa.
Aquela zona tem sido igualmente palco de vários ataques conhecidos nas últimas semanas por parte de grupos terroristas, bem como de contra-ataques por grupos paramilitares oficiais e militares das FADM.
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos na província de Cabo Delgado, um aumento de 36% face ao ano anterior, indicam dados divulgados recentemente pelo Centro de Estudos Estratégicos de África, uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano que analisa conflitos em África.
Além de Cabo Delgado, palco destes ataques e movimentação terrorista desde 2017, a vizinha província de Niassa também já foi palco em abril de um ataque de membros destes grupos, que decapitaram dois guardas-florestais.
O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, garantiu na sexta-feira que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) estão a alcançar os objetivos na perseguição de supostos rebeldes que atacaram a Reserva Especial do Niassa (REN).
“Neste momento houve estes ataques, mas nós estamos a trabalhar com as FDS, que estão no terreno a perseguir os terroristas e os desenvolvimentos que temos é que realmente as nossas FDS estão a atingir os objetivos”, declarou Daniel Chapo.
Em causa estão ataques na REN de supostos rebeldes, que causaram ainda dois desaparecidos e mais de 1.500 deslocados, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM).
O Presidente de Moçambique apelou para o fim dos ataques, referindo que os moçambicanos pedem a paz para o desenvolvimento do país.
“Gostaríamos de fazer com que aquela reserva não seja uma reserva de ataques permanentes de terroristas, mas continue a ser um destino turístico e para isso precisamos de trabalhar bastante para que o terrorismo seja combatido e o nosso objetivo é que o país um dia fique sem terroristas”, acrescentou.
O ministro da Defesa de Moçambique reconheceu, entretanto, a existência de grupos terroristas na reserva.
“Temos conhecimento que são terroristas e nós estamos atrás deles”, disse Cristóvão Chume.