Por LUSA/RTP
A Liga Guineense dos Direitos Humanos denunciou o aumento de casos de feminicídio no país, apontando a região de Gabú, no leste, como a zona onde ocorre mais aquele tipo de crime.
A denúncia foi feita por Gueri Gomes, vice-presidente da Liga, numa conferência de imprensa na Casa dos Direitos em Bissau.
“De janeiro para agosto temos registado cinco casos de feminicídio. Quatro destes casos ocorreram na região de Gabu, leste da Guiné-Bissau, um caso na região de Tombali, no sul”, disse Gomes.
O dirigente reportou dois casos ocorridos nos últimos dias nas duas regiões.
Em Gabu, uma mulher foi espancada até à morte, e ainda não se sabe quem são os autores, e em Tombali uma mulher de 18 anos foi açoitada até à morte por “mulheres grandes” (mais velhas) da sua comunidade.
“Os relatos que tivemos indicam que a jovem foi espancada por se ter recusado a casar com um senhor que ela considera idoso demais para ser seu marido”, notou o dirigente da Liga Guineense dos Direitos Humanos.
Gueri Gomes exorta “todos os guineenses” a envolverem-se no combate ao feminicídio que, disse, “está a aumentar” no país, sobretudo nas comunidades rurais.
“É preciso o envolvimento de todos, que a sociedade compreenda quão é nociva esta prática para a nossa sociedade, que se compreenda que entre homem e mulher somos todos seres humanos e que ninguém tem o direito de tirar a vida de ninguém”, defendeu o ativista.
O dirigente da Liga Guineense dos Direitos Humanos observou que “nem o Estado tem o direito de tirar a vida”.
Gueri Gomes enaltece o papel das organizações da sociedade civil na sensibilização sobre “o fenómeno do feminicídio” na Guiné-Bissau pediu “maior envolvimento do Estado, que tem a responsabilidade coerciva” no desencorajamento da prática.
Gomes apela às autoridades a levarem as medidas de combate, existentes na legislação que protege a mulher, até às lideranças tradicionais e religiosas.