Por LUSA
Organizações da sociedade civil e personalidades guineenses denunciaram, numa vigília na Casa dos Direitos em Bissau, o aumento de casos de feminicídio no país e alertaram as autoridades para que tomem medidas.
A vigília, que juntou cerca de trinta pessoas, serviu em particular para denunciar o assassínio, no espaço de duas semanas, de duas mulheres nas comunidades rurais de Gabú, no leste da Guiné-Bissau.
Uma mulher de 53 anos foi “barbaramente assassinada a tiro” na localidade de Nhampassaré, após ter sido violada por um homem de 55 anos.
Na localidade de Sintchã Demba, uma mulher de 46 anos foi assassinada à facada pelo marido.
“Este duplo crime odioso num horizonte temporal de apenas duas semanas constitui um sinal preocupante e sobretudo revela o crescimento do nível do feminicídio” na Guiné-Bissau, destacou a Liga Guineense dos Direitos Humanos.
Promotora da iniciativa, em que se cumpriram cinco minutos em silêncio e os presentes estiveram vestidos com roupas pretas e empunhando velas acesas , a Liga Guineense dos Direitos, na voz do seu presidente, Bubacar Turé, considerou ser urgente o país introduzir no Código Penal o crime de feminicídio.
“Só em 2022 cinco mulheres foram barbaramente assassinadas na Guiné-Bissau sem que os autores tenham sido julgados”, sublinhou Bubacar Turé.
A antiga ministra da Saúde Pública, Magda Robalo, participou na iniciativa e observou que a sociedade guineense “deve dizer um basta” a situações que colocam em causa a vida da mulher.
“Dantes aleijava-se a mulher sem que nada acontecesse, agora mata-se”, disse Robalo, em referência à Mutilação Genital Feminina, ainda praticada na Guiné-Bissau apesar de o país possuir uma lei que a criminaliza.
Mais do que denunciar, Magda Robalo apelou às autoridades para trabalharem na prevenção deste crime de ódio baseado no género.
A vigília contou também com a presença, entre outras personalidades, de um elemento da delegação da União Europeia em Bissau.