Por LUSA
O administrador da área de negócios da Associação Empresarial de Portugal (AEP) considerou hoje à Lusa que a saída de empresas portuguesas da Guiné-Bissau resulta da “falta de densidade e massa crítica para entusiasmar os empresários”.
“Nós temos sempre missões em curso ou em preparação a África, fazemos cinco a seis missões por ano, e não fazemos à Guiné-Bissau porque o país não tem a mesma densidade e a massa crítica necessária para entusiasmar as empresas, mas desde que haja vontade e um grupo de empresas disponível, organizamos certamente uma missão empresarial”, disse Paulo Vaz à Lusa, na sequência de uma missão, este mês, ao Senegal e Costa do Marfim.
“As empresas têm recursos limitados, são Pequenas e Médias Empresas (PME), fazem apostas onde a relação entre o risco e o retorno é mais equilibrada, sendo certo que África não tem o mesmo grau de estabilidade que outros mercados, como a Europa, os Estados Unidos ou até o Médio Oriente”, acrescentou o empresário, salientando que “quando as empresas encontram o justo equilíbrio entre o risco e retorno, apostam e vão”.
Nos últimos anos, as empresas portuguesas têm mostrado pouco interesse na permanência ou na expansão para este país africano lusófono, registando-se, por exemplo, a saída da PT da posição de acionista minoritário no Guiné-Telecom, o fecho da representação da AICEP em Bissau e a transferência física para Dacar, o maior número de voos da TAP entre Lisboa e Dacar (diários) do que entre Lisboa e Bissau (três semanais), e a ausência de outras empresas como a Soares da Costa ou a Tertir, que fazia a gestão do porto de Bissau.
“O Senegal tem estado a crescer e prevê uma expansão económica de acima de 10% este ano, o que não é comum para um mercado emergente”, explicou Paulo Vaz, acrescentando que o objetivo das autoridades senegalesas é fazer de Dacar uma plataforma regional (‘hub’), beneficiando das potencialidades da exploração de petróleo e gás.
“Se as empresas verificarem que um determinado mercado estabilizou e oferece mais garantias e oportunidades de desenvolvimento, regressarão esses mesmos mercados”, acrescentou o responsável da AEP, considerando esse movimento normal na vida empresarial.
A missão da AEP ao Senegal e Costa do Marfim foi a sétima a estes mercados, e levou nove empresas a estes dois países da África Ocidental.
O Presidente da República da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, anunciou uma visita de Estado a Portugal entre hoje e quarta-feira, tendo dito à Lusa que viaja a convite do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, com que vai encontrar-se, assim como irá “à Assembleia (da República)” e terá contactos com o Governo português.