Por LUSA/RTP
A justiça guineense restituiu hoje à liberdade à empresária italiana detida na Guiné-Bissau, por alegada participação num incêndio provocado numa mina de exploração das areias pesadas, disse à Lusa o seu advogado, Mamadu Serifo Djaló.
A ordem para libertar a empresária foi tomada hoje pelo Ministério Público, que a ouviu na sexta-feira, disse Djaló, dando conta de um despacho que a instituição judicial enviou ao Ministério do Interior.
“Ainda não fomos notificados formalmente, mas soubemos que o despacho do Ministério Público lhes fixou o TIR (Termo de Identidade e Residência) e apresentação periódica durante duas vezes no Ministério Público”, disse Serifo Djaló.
A empresária estava detida, desde o dia 18 de abril passado, juntamente com mais quatro pessoas, três mulheres e um homem, da vila de Varela, no norte da Guiné-Bissau, suspeitas de envolvimento no fogo posto à mina de exploração das areias pesadas na comunidade de Nhinquin, naquela localidade.
Na última sexta-feira, a empresária e as quatro pessoas foram ouvidos por um delegado do Ministério Público que ordenou que regressassem às celas da 2.ª esquadra de Bissau e hoje mandou soltá-las.
A empresária, que atua no ramo hoteleiro, foi detida com um grupo de 15 pessoas, na sua maioria mulheres, na estância balnear de Varela onde se encontra a mina das areias pesadas e no mesmo dia foram levadas para Ingoré, a 170 quilómetros de Bissau.
No dia 18 deste mês, um grupo de mulheres de Varela ateou fogo às máquinas da empresa chinesa GMG Mininig SARL como protesto pela exploração das areias pesadas na comunidade de Nhinquin.
Desde o início da exploração naquela comunidade, em meados dos anos 2000, a população, particularmente as mulheres de Nhinquin nunca aceitaram o projeto.
A população acusou primeiro a empresa russa Poto Sarl, que detinha a licença de exploração, e atualmente a empresa chinesa, de incumprimento de promessas de benfeitorias a favor da comunidade, nomeadamente construção de escola, estrada, fontanários e hospital.
Além disso, as mulheres nunca aceitaram a exploração da mina das areias pesadas em Nhinquin por, alegadamente, se situarem numa “zona sagrada” onde fazem os rituais da aldeia.
Estudos do Governo guineense indicam que na aldeia de Nhinquin existe uma mina de areias pesadas com um potencial de 440 mil toneladas, das quais, após extração, podem ser aproveitadas o equivalente a 119 mil toneladas de minérios como ilmenite, zircão e rutilo.
Esses minérios são usados nas indústrias metalúrgica e aeronáutica, assim como na indústria nuclear.