Por LUSA/RTP
O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, exonerou o secretário de Estado das Comunidades, Cipriano Mendes Pereira, sem evocar os motivos, segundo um decreto presidencial consultado pela Lusa.
O decreto da exoneração de Cipriano Mendes Pereira, conhecido no país por Nhina, foi divulgado minutos após a chegada ao país de Umaro Sissoco Embaló, que tinha viajado na sexta-feira para o Senegal e para a República do Congo.
“É o senhor Cipriano Mendes Pereira exonerado do cargo de secretário de Estado das Comunidades, para o qual havia sido nomeado pelo decreto presidencial n.º 77/ 2023, de 20 de dezembro”, refere o documento assinado pelo chefe de Estado.
O decreto indica que a decisão foi tomada em consulta com o primeiro-ministro do Governo de iniciativa presidencial, Rui Duarte de Barros.
A exoneração de Nhina acontece um dia após a conclusão de duas reuniões magnas antagónicas do Movimento para a Alternância Democrática (Madem G-15), a que pertence. O secretário de Estado agora demitido esteve do lado do líder do partido, Braima Camará.
O próprio Camará afirmou no sábado, no decurso da reunião da Comissão Política (órgão máximo entre congressos) que Nhina estava a ser “profundamente pressionado pelo Presidente da República” para que abandonasse a reunião onde estava para assistir ao congresso extraordinário do Madem.
Uma ala deste partido leal a Sissoco Embaló realizou, também no sábado, o primeiro congresso extraordinário do Madem, no qual elegeu a veterana de luta pela independência, Satu Camará, de 76 anos, como nova coordenadora do partido.
A ala leal a Braima Camará considerou o congresso “ilegal e fora dos estatutos”.
Cipriano Mendes Pereira, coordenador do Madem na região de Cacheu, norte da Guiné-Bissau, esteve na mesa que presidiu à reunião do Conselho Nacional, um encontro que, entre outras decisões, retirou a confiança política a Umaro Sissoco Embaló.
Embaló é um dos membros fundadores do Madem G-15, criado por dissidentes do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, em 2018, mas afastou-se, por imperativos constitucionais, com a sua chegada à presidência guineense, em fevereiro de 2020.
Camará e Embalo, antigos aliados políticos, têm estado de costas voltadas nos últimos tempos, a partir do momento em que o líder do Madem anunciou que o partido não iria apoiar Embaló a um segundo mandato presidencial, se este não se submetesse às primárias do partido.
A ala do Madem agora liderada por Satu Camará consagrou Sissoco Embaló “presidente de honra” do partido, enquanto a ala leal a Braima Camará tem o ex-Presidente guineense, José Mário Vaz, como presidente de honra do mesmo partido.