Por LUSA
Uma manifestação de professores da Escola Superior de Educação (ESE) da Guiné-Bissau foi hoje dispersada, em Bissau, pela polícia, com recurso a cassetetes, registando-se feridos e detenções, disse um dos responsáveis do grupo.
“A polícia chegou e começou logo a bater-nos com cassetetes, sem que nada o justifique”, observou o presidente da comissão de professores em fim de formação na ESE – Unidade ‘Tchico Té’ de Bissau, Januário Meb.
O grupo, composto por cerca de 50 professores, preparava-se para realizar uma vigília diante do Ministério da Educação em protesto pela recente medida do ministro, Henry Mané, de aumentar as mensalidades nas escolas de formação de docentes na Guiné-Bissau.
Em 16 de outubro, Mané publicou um despacho no qual anunciou que doravante as mensalidades seriam de dez mil francos CFA (15 euros) para quem estivesse a tirar uma licenciatura e sete mil e quinhentos francos CFA (cerca de 11 euros) para quem quisesse ter um bacharelato em qualquer polo da ESE, na Guiné-Bissau.
Até aqui, as mensalidades para os dois cursos não ultrapassavam cinco mil francos CFA (menos de oito euros), num país onde o salário médio ronda os 60 mil francos CFA (90 euros).
O ministro considera que a medida visa ajudar as escolas de formação de professores para que “possam andar com os próprios pés” e convidou os formandos que não concordarem a procurar escolas privadas.
“Quem não quiser estudar numa escola pública pode ir para escola privada. Existem diferentes escolas e institutos. Que vão para lá e vejam se pagam quatro mil e cem francos CFA por mês”, enfatizou Henry Mané para sustentar a sua decisão.
O ministro notou que as sete unidades da ESE se encontram “com muitas dificuldades” e que com o aumento das mensalidades “passarão a ter autonomia financeira” e deste modo “melhorar a qualidade do ensino”.
A vigília hoje convocada pelos professores em formação teria como finalidade não só exigir a redução das mensalidades como também a publicação das notas finais da última avaliação na ESE “Tchico Té” de Bissau.
Januário Meb diz ter sido “violentamente agredido” pela polícia que, disse, deteve “pelo menos dez estudantes” que estavam na manifestação e ainda lhes retirou pertences, como telemóveis.
“Sinto-me honrado por participar numa manifestação desta natureza. Pena é que aqueles que ontem beneficiaram de escola gratuita do Estado agora nos estejam a negar o direito de estudar”, enalteceu Meb.
A Lusa tentou, sem sucesso, obter uma reação do comissariado da Polícia de Ordem Pública.