Por LUSA
A Liga Guineense dos Direitos Humanos considera como “declaração de guerra” as declarações do chefe das Forças Armadas que afirma que não vai tolerar perturbações de políticos no Dia das Forças Armadas, no próximo sábado.
Duas coligações de partidos guineenses anunciaram a realização de manifestações de rua nos próximos dias 14, 15 e 16 deste mês, o que poderá coincidir, no sábado, com o dia em que são celebrados os 60 anos das Forças Armadas.
As autoridades políticas e militares guineenses estão a projetar uma “grande cerimónia no sábado em Bissau e nesse dia os partidos agrupados nas duas coligações prometem “uma grande manifestação de rua”.
Numa conferência de imprensa no Estado-Maior General das Forças Armadas em Bissau, o general Biaguê Na N’tan afirmou que não tolerará perturbações.
“Fiel ao seu novo estatuto de constitucionalista de conveniência ao serviço do autoritarismo, o general Biaguê Na N’tam decidiu hoje declarar a guerra ao povo guineense”, defendeu a Liga dos Direitos Humanos.
Em comunicado, publicado na sua página oficial numa rede social, a Liga diz que as declarações do general Na N’tan visam intimidar cidadãos que apenas pretendem exercer um direito “com dignidade constitucional”.
O chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas disse ainda na sua conferência de imprensa que não estava a ameaçar ninguém mas avisou que sair à rua (no dia das Forças Armadas) o que encontrar será a sua sorte.
“O general Biaguê anuncia prontidão das Forças Armadas para o combate como se o país estivesse à beira de um conflito armado”, notou a Liga dos Direitos Humanos.
Para a organização dirigida pelo jurista Bubacar Turé, com aquelas declarações, Biague Na N’tan “perdeu a noção da missão constitucional” das Forças Armadas. Lembra ainda as recentes ordens de detenção de três juízes do Tribunal Militar Superior.
A Liga recorda ainda no seu comunicado um conjunto de acontecimentos políticos à margem da constituição perante os quais o chefe das Forças Armadas não se pronunciou, disse.
“Afinal, que militar republicano é o general Biaguê Na N’tan, quando ordena prontidão ao combate e dedo no gatilho para massacrar o povo desarmado”, questiona a Liga.
A organização defende que Na N’tan “levantou o véu” sobre a sua participação nas conspirações contra a democracia com as declarações por si proferidas hoje pelo que doravante passa a ser alvo de luta cívica para a restauração da democracia na Guiné-Bissau.