Por LUSA
O coordenador do Movimento Cívico Guineense de Luta Contra Tribalismo e Fundamentalismo Religioso responsabilizou a “morosidade da Justiça” pelas disputas pela posse de terra que “muitas das vezes terminam em mortes” de aldeões.
Helder Té manifestou esta preocupação à saída de uma audiência que o seu movimento manteve com o Procurador-Geral da República, Bacari Biai, a quem questionou sobre o andamento de “vários processos de conflitos sobre a posse de terra”.
O responsável da organização da sociedade civil que se preocupa com o tribalismo e o fundamentalismo religioso na Guiné-Bissau, afirmou que a Justiça do país tem em mãos casos de disputas de posse de terra nas comunidades de Djaal, Nduta, Ntus, nos arredores de Safim, no centro, e em Empada, no sul.
“Em todos estes conflitos houve perdas de vida humana”, referiu Hélder Té.
O dirigente associativo deu o exemplo “das consequências da morosidade da Justiça”, apontando para o caso do conflito entre aldeões das comunidades de Djaal e Nduta, ocorrido em março, no qual uma pessoa morreu e várias outras ficaram feridas.
Os confrontos envolveram aldeões das duas comunidades habitadas por indivíduos das etnias Balanta e Pepel, segundo a Polícia de Ordem Pública que, desde então, colocou uma força policial entre as duas localidades.
O caso seguiu para a Justiça e Helder Té afirmou que até então não conheceu um desfecho.
O coordenador do Movimento Cívico Guineense de Luta Contra Tribalismo e Fundamentalismo Religioso lamenta que a situação esteja “muito volátil”, dando o exemplo de relatos de que uma criança da comunidade de Nduta teria sido agredida, recentemente, à catanada, por populares de Djaal.
“Digamos que é uma vingança pela morte daquela pessoa durante os confrontos de março”, observou Helder Té, reforçando o apelo para que a Justiça seja célere.
Té aponta ainda para um conflito pela posse de terra entre aldeões de duas comunidades no setor de Empada, no sul da Guiné-Bissau, registado na semana passada, do qual várias pessoas ficaram feridas.
“Todos os problemas de tendência tribal como de posse de terra é resultante da morosidade da Justiça. Quando não há uma resposta em tempo útil, os problemas agudizam-se e acabam na perda de vida humana”, lamentou Helder Té.