Por LUSA
O vice-presidente da União Nacional dos Imames da Guiné-Bissau afirmou que mendicidade não faz parte dos princípios islâmicos e a organização apoia o fim da mendicidade por crianças, conforme tem recomendado o chefe do Estado guineense.
Em várias ocasiões, o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, de confissão muçulmana, criticou o fenómeno de crianças em mendicidade (Talibé) nas ruas do país e do Senegal, para onde, anualmente são enviadas centenas de rapazes guineenses, com o pretexto de aprender o Corão, mas que acabam a pedir esmola.
Embaló tem repetido que o fenómeno Criança Talibé envergonha a religião islâmica.
Em conferência de imprensa em Bissau, Mussá Buaró, vice-presidente da União Nacional dos Imames, afirmou que a sua organização, “acompanha as preocupações do Presidente da República” e do ministro do Interior, Botche Candé, também muçulmano.
“A União Nacional dos Imames entendeu que de facto deve fazer algo sobre o assunto, a mendicidade não faz parte dos princípios islâmicos, por isso deve ser parada”, observou Mussá Buaró.
O vice-presidente da organização que junta os imames guineenses referia-se às conclusões saídas de uma conferência sobre a mendicidade realizada recentemente em Bissau, Bafatá e Gabu, principais cidades do país onde o fenómeno é mais presente.
De acordo com o responsável, os imames concluíram que as crianças andam na mendicidade, “por necessidade”, mas também que a responsabilidade pelo seu sustento e aprendizagem cabe aos pais e encarregados de educação.
A União Nacional dos Imames exortou os pais a assumirem as suas responsabilidades, mas também pediu ao Governo no sentido de criar condições para que as crianças muçulmanas continuem a aprender os preceitos religiosos, “normalmente sem serem prejudicadas nos seus direitos fundamentais”, disse.
O fenómeno da criança talibé é condenada por organizações da sociedade civil que denunciam que muitas acabam por morrer atropeladas nas estradas ou alvo de maus tratos.
Muitos mestres corânicos, por falta de meios financeiros, mandam crianças pedir esmolas que consiste em dinheiro ou comida.