Por LUSA/RTP
Os oito ativistas guineenses detidos no passado dia 18, durante protestos contra o regime no país, foram postos em liberdade por ordem do Tribunal Regional de Bissau (TRB), depois de terem sido ouvidos no Ministério Público.
Uma diligência que “nem era necessária”, segundo a advogada Beatriz Furtado, que acompanhou a audiência, enquanto membro da equipa de defesa disponibilizada pela Ordem dos Advogados da Guiné-Bissau para assistir os ativistas.
Furtado referia-se à audição dos ativistas apesar da decisão de um Juiz de Instrução Criminal, que, na sexta-feira passada, emitiu a ordem de libertação imediata dos oito detidos, ao considerar procedente um requerimento de ‘habeas corpus’.
“Como já é sabido, o Juiz de Instrução Criminal já tinha emitido um mandado de soltura, que é de execução imediata e tinha que ser cumprido nos exatos termos e hoje só vieram acompanhar um suposto processo” encaminhado pela Polícia de Ordem Pública (POP), declarou a advogada.
Os ativistas, vindos de diferentes pontos da Guiné-Bissau, estiveram detidos durante 10 dias na 2.ª Esquadra de Bissau, na sequência de uma manifestação que promoveram, no passado dia 18, contra o atual regime no país.
No total, foram detidos 98 ativistas da Frente Popular, que junta organizações juvenis, sindicatos e grupos de mulheres e que havia convocado o protesto.
Um dia após a detenção dos ativistas, a POP libertou 84 deles e manteve nas celas oito elementos considerados líderes da organização e que esta segunda-feira foram postos em liberdade.
A advogada considerou a sua detenção de “sequestro pelo Estado” guineense e prometeu mover uma queixa-crime em nome dos ativistas.
Beatriz Furtado exigiu ainda ao Estado da Guiné-Bissau que liberte um dos ativistas, Jibril Bodjan, que atualmente se encontra em tratamento médico no Hospital Nacional Simão Mendes, em Bissau.
Bodjan, coordenador da Frente Popular em Gabú, no leste do país, sentiu-se mal quando foi colocado nas celas da 2.ª Esquadra e foi levado, no sábado, 18 de maio, para o hospital, onde está sob custódia policial.
“Resgatar a República” da Guiné-Bissau foi o lema escolhido pelos promotores do protesto, que dizem que o país está a viver num contexto “absolutista, com supressão de direitos, liberdades e garantias”.