Por LUSA
Uma greve geral de três dias arrancou ontem nos setores da Saúde e Educação na Guiné-Bissau, anunciou o porta-voz do movimento que junta sindicatos das duas áreas, Sene Djassi.
De acordo com o sindicalista, “a greve efetivou-se” devido “ao desinteresse do Governo” em se sentar à mesa negocial desde a entrega do caderno reivindicativo, no dia 05 de fevereiro, e do pré-aviso da greve, no dia 05 de março.
“Nós pensamos que o Governo quer ver, primeiro, o impacto da greve para só depois sentar-se à mesa connosco. Infelizmente podemos dizer que é o Governo que quer que a greve se efetive”, observou Sene Djassi.
No caderno reivindicativo da Frente Social constam, entre outros pontos, o pagamento de 10 meses de salário em atraso aos professores e técnicos de saúde, a efetivação de novos quadros contratados pelo Governo para os dois setores, a criação e adoção de um novo currículo escolar, bem como a melhoria de condições laborais.
“Hoje uma pessoa vai ao hospital e não tem um exame credível porque o laboratório não tem as máquinas para o diagnóstico médico”, disse Djassi.
O diretor clínico do Hospital Nacional Simão Mendes, Abel Mactar da Silva, reconheceu que a greve “está a limitar o atendimento” naquela que é a principal unidade médica da Guiné-Bissau.
O responsável disse que o hospital montou uma estratégia para “o atendimento mínimo” de pacientes para evitar “que haja tragédias, como no passado” em que, em situações de greve, os doentes não tiveram atendimentos “e muita gente morreu”.
Braima Sambu, presidente do sindicato de base do Simão Mendes, explicou que em todos os serviços “existem os serviços mínimos”, mas avisou que o atendimento “só será de casos urgentes”.
“Por exemplo, cesariana na maternidade, acidente em que há sangramento”, frisou Sambu.
O presidente do sindicato de base do Simão Mendes avisou que se houver entendimento entre o Governo e a Frente Social, os serviços mínimos serão ainda reduzidos naquele hospital.
Fonte do Ministério da Função Pública disse à Lusa que o Governo “está aberto” ao diálogo com a Frente Social, “como sempre fez”, mas não soube explicar se vai convocar a Frente Social nos próximos dias.