Por LUSA/RTP
O ex-primeiro-ministro guineense, Nuno Nabiam, defendeu que “existem sinais de que a droga está a circular em abundância” na Guiné-Bissau e pediu apoio da comunidade internacional no combate ao flagelo.
O antigo governante falava num comício popular em Bissorã, no norte da Guiné-Bissau, que marca a assinatura de um acordo político entre o seu partido, a Assembleia do Povo Unido — Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB) e Partido da Renovação Social (PRS).
Os dois partidos criados pelo falecido ex-Presidente guineense, Kumba Ialá, estavam desavindos há mais de 10 anos e na semana passada decidiram firmar um acordo político para realizarem campanhas eleitorais conjuntamente.
Dirigindo-se a milhares de militantes dos dois partidos, Nuno Nabiam pediu às autoridades para que reforcem a vigilância no aeroporto e nos portos do país, para “um rigoroso controlo da droga”.
“Hoje existem sinais de que a droga está a circular em abundância no país. Quando eu era primeiro-ministro trabalhei com parceiros internacionais para combater a droga no país”, defendeu Nabiam.
O ex-primeiro-ministro fez “um vibrante apelo” à comunidade internacional e ainda afirmou que a Guiné-Bissau “não pode continuar tal como anda”.
Nuno Nabiam aproveitou a oportunidade para abordar a situação política do país e neste aspeto exortou o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, de quem é conselheiro especial, a marcar a data das eleições legislativas antecipadas.
Sissoco Embaló dissolveu o parlamento em dezembro passado sob a alegação da existência de uma grave crise política no país e ainda demitiu o Governo eleito nas legislativas de junho de 2023.
“É preciso que seja marcada rapidamente a data das eleições legislativas”, exortou Nuno Nabiam, para quem “o país não pode continuar à deriva”.
Nabiam observou que a Guiné-Bissau “está doente por causa de dinheiro” e disse que todos os políticos “querem ser milionários”.
O líder da APU-PDGB defendeu também que a Assembleia Nacional Popular (APN, parlamento) deve ser reaberta através da sua Comissão Permanente.
“Não podemos falar em democracia com este imbróglio político que estamos a ver no país”, destacou Nuno Nabiam.
Ainda exigiu que as pessoas detidas acusadas de terem participado numa tentativa de golpe de Estado no dia 01 de fevereiro de 2022, sejam julgadas e aquelas que não têm quaisquer responsabilidades criminais sejam postas em liberdade.
“A justiça tem de funcionar neste país, ela não pode estar sob controlo de ninguém”, observou Nabiam.
O líder do PRS, Fernando Dias, também exigiu a libertação de prisioneiros que não tenham cometido qualquer crime, reforçando que a sua manutenção nas prisões “é um autêntico sequestro”.