Por LUSA
O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Rui Duarte de Barros, anunciou que o país espera produzir, este ano, 200 mil toneladas da castanha do caju, cuja campanha de comercialização começou oficialmente esta sexta-feira.
Ao usar da palavra no ato da abertura oficial da campanha, na vila de Bula, a 40 quilómetros de Bissau, Duarte de Barros afirmou que as “perspetivas são otimistas” para a produção de um produto do qual depende cerca de 85% da população guineense.
“A castanha do caju é crucial para a economia do nosso país, desde 1976 a castanha do caju tornou-se no principal produto de exportação” da Guiné-Bissau, sublinhou o primeiro-ministro.
Rui Duarte de Barros notou ainda que a maioria da população guineense, sobretudo a do mundo rural, depende do caju para a sua subsistência e combate à pobreza.
Dados do Governo guineense indicam que nos últimos dois anos a campanha de comercialização da castanha do caju não correu como o desejado, facto sublinhado pelo ministro do Comércio, Orlando Viegas.
“As campanhas dos anos transatos não correram bem por várias razões e trouxeram sequelas na vida da população”, disse Viegas, apontando que das 226 mil toneladas previstas para serem exportadas em 2023, apenas foram escoadas para o estrangeiro 170 mil toneladas.
O ministro do Comércio guineense explicou que para a presente campanha o Governo tomou, entre outras, medidas no sentido de promover “tolerância zero” ao contrabando da castanha por via terrestre para países vizinhos e ainda eliminou todas as barreiras não tarifárias.
Orlando Viegas destacou que a castanha do caju “é tão importante” para a Guiné-Bissau ao ponto de comparticipar em 12,7% na construção do Produto Interno Bruto (PIB) e de ser “uma das principais fontes” da receita fiscal do país.
O presidente da Câmara do Comércio, Indústria, Agricultura e Serviços (CCIAS), Mama Samba Embaló, felicitou o Governo pelas medidas tomadas e ainda pelos esforços de coordenação com as diferentes organizações da fileira do caju, mas apelou aos comerciantes para adquirirem o produto das mãos dos camponeses no preço fixado.
Cada quilograma da castanha do caju não poderá ser comprado ao produtor por menos de 300 francos CFA (0,45 euros), de acordo com o preço estipulado pelo Governo.
Samba Embaló exortou, contudo, o Governo a trabalhar para que a castanha do caju comece a ser transformada no país, um repto também salientado pelo primeiro-ministro.
“Antes da exportação, temos de pensar verdadeiramente numa revolução deste setor, que passa pela transformação local” da castanha, observou o primeiro-ministro guineense.
Em condições normais, a Guiné-Bissau já chegou a exportr para a Índia e Vietname cerca de 200 mil toneladas da castanha de caju.