Por LUSA
A data das eleições presidenciais e as comemorações dos 50 anos da independência estão a motivar divergências entre os presidentes da República e da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau, segundo posições assumidas por ambos publicamente.
O presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, anunciou a data das próximas presidenciais para daqui a dois anos, a 24 de novembro de 2025, e considerou as comemorações do fim de semana dos 50 anos da independência da Guiné-Bissau uma manifestação de um partido.
O líder do partido em causa, o PAIGC, que lidera a coligação no Governo, e presidente da Assembleia Nacional Popular, Domingos Simões Pereira, considerou “inaceitáveis e desenquadradas” as declarações do presidente, numa publicação feita nas redes sociais do Parlamento, na quarta-feira à noite.
As comemorações oficiais dos 50 anos da independência foram anunciadas para novembro, depois da época das chuvas, mas a Assembleia decidiu assinalar a efeméride na data e no local preciso em que ocorreram a 23 e 24 de setembro, nas colinas de Madina do Boé.
O presidente da República enviou uma mensagem em vídeo por se encontrar ausente do país e quando regressou, na terça-feira, de Nova Iorque, onde participou na Assembleia Geral das Nações Unidas, anunciou publicamente que as próximas eleições presidenciais serão a 24 de novembro de 2025.
Umaro Sissoco Embaló adiantou que vai recandidatar-se ao cargo de presidente e afirmou que vai ganhar na primeira volta.
O presidente da República referiu-se ainda às comemorações da independência no Boé, em Lugadjole como um ato político-partidário e realçou o programa de novembro com desfile militar e a presença de vários chefes de Estado e de governo.
O presidente da Assembleia Nacional Popular e do PAIGC, o partido que lidera a coligação do atual Governo PAI- Terra Ranka, Domigos Simões Pereira, considera “desenquadradas” as declarações do chefe de Estado em relação às celebrações de 24 de Setembro em Lugadjole e ao anúncio da data para a realização das próximas eleições presidenciais.
“A referência feita pelo presidente da República de se tratar da manifestação de um partido político e de manobras para enganar o povo, foi inadequada e inaceitável, da mesma forma que as considerações que se seguiram tanto em relação à data das eleições como ao facto de já haver um vencedor antecipado e à primeira volta, são informações mal enquadradas a que Assembleia Nacional Popular não aceita”, refere.
Domingos Simões Pereira aconselha “os atores políticos nacionais a controlarem os seus impulsos para consolidar o entendimento necessário”.
O presidente do Parlamento frisou que não se parte para eleições “já conhecendo os vencedores declarados por antecipação” e que ainda há “tempo de controlar os impulsos e consolidar o entendimento entre todos os atores da vida política nacional”.
O presidente do Parlamento e do PAIGC diz que não questiona “o mandato de outros órgãos mas” não admite “em nenhuma circunstância que se ponha em causa o mandato que resulta da vontade livremente expressa pelo povo guineense de ser este o quadro de governação escolhido para os próximos quatro anos”.
Com um Governo e um presidente de tendências políticas diferentes na Guiné-Bissau, o presidente do partido que lidera o executivo lembrou que desde as eleições legislativas, a 04 de junho, que assumiu “publicamente a determinação de contribuir para um ambiente político apaziguado e de positiva colaboração com todos os órgãos da soberania e em especial com presidente da República”.
“A única condição seria então merecer tratamento recíproco, de respeito e consideração tanto institucional como pessoal”, sublinhou.